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As expectativas daqueles encontros amorosos

Eu me arrumo pra ir encontrar você, de novo. E você nem sabe. Nem sabe que me arrumo tanto assim, que me esforço para parecer que não me esforcei tanto em estar bonita hoje. É que acho que nunca estou, mesmo. Que não dá certo.

Não existe nenhum nós, nem você e eu juntos, nem olhares em suspenso ou cúmplices. Nem futuro algum, eu sei. Às vezes vou na expectativa de que te ver não me produza nada, pelo menos alguma vez. Pelo menos dessa vez. E crio mais expectativa em tornar tudo isso uma viagem que planejei mas que nunca aconteceu.

Acontece que já embarquei dentro dela, sozinha.

E agora consigo lembrar sua voz e o jeito como você abre os olhos quando diz qualquer coisa de mais importante. Você que vive dizendo qualquer coisa de mais importante. Eu não faço esforço, mas absorvo tudo, e as imagens e seus sons me invadem depois. E durante.

Tenho mais uns dias pra te ver de novo, enquanto finjo que não espero por nada, por futuro algum, por nenhum nós, por nenhum olhar sustentado. Prendo a respiração, lembro. Sem que eu me esforce, me lembro de tudo. O timbre, a história, os olhos arregalados, o sorriso no final da conversa, e carrego todos os traços comigo também sem muito esforço.

Enquanto esses dias passam, finjo tudo de novo. E no próximo encontro repito a sequência, para depois desistir dessa viagem impossível, dessa viagem que só acontece se for a dois.

Nota da edição: Bia Madruga é escritora e está preparando um ebook para ser lançado em breve. 

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