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Crítica | Shang-Chi e a lenda dos dez anéis acerta ao apostar na megalomania


Shang-Chi? Sim, esse é o mais novo nome e aposta no universo cinematográfico da Marvel. Apesar de não ser um nome familiar, o personagem debuta nas telonas como um nome já consagrado, um filme extravagante, de efeitos visuais fortes e orçamento nitidamente inflado, digno de super-heróis de destaque do selo, como Hulk e Thor. O resultado disso só soma ao já conhecido espectro da Marvel de ode a representatividade, já que oferece ao público de ascendência asiática o mesmo tipo de empoderamento que “Pantera Negra” consagrou anos atrás.

A Marvel de fato está um passo a frente na indústria cinematográfica quando o assunto é representatividade, já que vem garantindo com maestria que mulheres, negros e, inclusive, personagens LGBTQIA+ encontrem espaço em suas narrativas em lugares de destaque. É bom lembrar que tais personagens não foram criados pela pressão que Hollywood vem sofrendo para diversificar suas narrativas, a Marvel apenas olha para sua própria história para realizar tais feitos.

É nesse cenário que ressurge dos quadrinhos “Shang-Chi” e sua lenda dos dez anéis, pronto para arrebatar uma legião de fãs. O filme é ousado e nasce com ideias arriscadas em cada um de seus aspectos, para começar pela escolha do Destin Daniel Cretton como diretor do longa. Cretton é conhecido por filmes independentes lado B e até então, não tinha dirigido nenhum épico de tal magnitude. A escolha arriscada para conduzir um longa que cobra muito foi indiscutivelmente acertada, essa sensação fica clara logo na primeira sequencia do filme.

Só alguém com um olhar delicado e inteligente olharia para a própria cultura, como o Cretton, que bebeu de sucessos clássicos asiáticos, até mesmo de blockbusters – “O tigre e o dragão” é referenciado de maneira clara – para conceber sua mais nova obra. Revivendo as famosas cenas aéreas de embate, onde os personagens flutuam de maneira bela enquanto duelam. Mas, tudo isso só seria possível com um elenco capaz de se entregar a tais dificuldades de set. O segundo grande acerto do filme.

O elenco é estonteante e faz o trabalho de maneira muito digna. As escolhas para interpretar os personagens do filmes vão dos ícones de ação asiáticos Michelle Yeoh (Memórias de uma Gueixa) e Tony Leung (Amor a flôr da pele) para interpretar a tia e o pai de Shang-Chi, até nomes ainda não tão consagrados como Awkwafina, como a melhor amiga engraçada, Katy. Os destaques, é claro, ficam para Simu Liu e Fala Chen, que interpretam os irmãos Shang-Chi e Leiko Wu, respetivamente. Inclusive, Fala Chen e sua personagem fazem um trabalho tão grandioso que em alguns momentos do filme esquecemos quem é o verdadeiro dono da história – o que deve ser considerado particularmente bom, já que esse destaque abre margens para que um dia vejamos a sua história ser tratada de maneira independente nas telonas.

A história de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” acompanha Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho quando retorna para sua antiga vida. Tendo que lidar com dramas pessoais internos e outros mais tangíveis.

Essa narrativa, muito bem escrita e conduzida, que mescla drama e ação pontuada por fina comédia acontece em um cenário muito bem construído, no comando de uma direção de arte afiada pronta para entregar um acabamentos em efeitos visuais inédito em um filme de super-heróis. Não é arriscado dizer que nenhum filme da Marvel alcançou o nível técnico de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” anteriormente.

Destin Daniel Cretton entregou um entretenimento de primeira linha em todos os aspectos e já elevou, em sua estreia, Shang-Chi ao pateão dos heróis da Marvel. Certamente um lugar que será dele por muito tempo.

*Shang-Chi e a lenda dos dez anéis estreou na última quinta-feira (2) no Cinépolis Natal Shopping e está disponível nos seguintes horários:

MACROXE DUB: 13:30 e 19:00
3D DUB: 16:30 e 22:00
LEG 20:30
MACROXE LEG: 16:15 e 21:45
VIP LEG: 13:00, 15:45, 18:30 e 21:15
3D LEG: 13:45 e 19:15

Confira o trailer:

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