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(Crítica) Aquaman é o melhor do brega

Quando foi anunciado o filme solo do Aquaman, a ansiedade dos fãs da DC era enorme, como fazer um herói tão ridicularizado ganhar respeito? A sombra da infantilização que a animação de 1973 dos Superamigos causou nunca deixou de pairar sobre o herói aquático. Por outro lado, as possibilidades de um universo no fundo do mar eram incríveis para um live action e isso trazia animação. Toda essa esperança caiu por terra após a estreia de “A Liga da Justiça” e seu turbilhão de críticas negativas, sobrando apenas um enorme medo da desgraça. No fim, as baixas expectativas ganharam uma esperança após as críticas positivas da imprensa internacional e nacional em sua estreia ao dizerem: “é brega, mas é bom”. E nós concordamos plenamente.

Contém spoilers de leves.

Porque é brega…


Vamos combinar que o universo dos heróis, como um todo, já tem um pezinho no pieguismo. Muito por causa da narrativa de algumas histórias famosas, mas tudo depende de como se trabalha o roteiro. Tendo como um péssimo exemplo o filme: “Batman vs. Superman” (2016), que trouxe drama familiar e amoroso de uma maneira superficial e boba as telas. Por outro lado, em “Batman – O Cavaleiro das Trevas” (2008) existem todos os romances padrões contados com propósitos que conectam o público a história carregada de sombriedade. Apesar de Aquaman não ter um roteiro complexo, cheio de suspense ou sentimentalismos profundos, sua jornada do herói é eficiente. Mesmo que os atos e roteiro sejam simples e previsíveis ele permanece coerente, se assumindo como algo mais divertido diante dos seus próprios dramas, sem peso ou necessidade de complexidade.
O diretor do filme: James Wan, também tem sua contribuição com a breguice, já que é conhecido por seu trabalho em Velozes e Furiosos 7 (2013), um verdadeiro estereótipo de ação com muitas explosões, diálogos expositivos e frases de efeitos. Claro que toda essa expertise foi aproveitada em Aquaman. Ou seja, ganha-se em ótimas lutas e batalhas para ver em 3D, no entanto perdemos em atuação e química entre alguns atores.

Wan ainda transporta para tela sua forte alusão aos anos 80 e 90, tornando o reino de Atlântida multicolorido. Além disso, as décadas estão presentes com referências visuais a outros filmes produzidos como: Star Wars; Viagem ao Centro da Terra; Jurassic Park; entre vários outros. E claro, a armadura colorida verde e amarela do herói está lá, assim como diversos elementos dos quadrinhos e das animações.

Porque é bom…


Apesar da apreensão geral sobre os efeitos especiais debaixo d’água, eles funcionaram muito bem. Atlantida foi muito bem construída, os cenários são bem feitos e os personagens falam submersos de maneira natural. Inclusive as cenas e lutas aquáticas são as melhores do filme, com dinâmicas e coreografias muito boas. Tudo isso somado aos figurinos e maquiagem dos personagens ajudam a criar um visual lúdico, coeso e agradável de uma forma geral, principalmente se conseguirmos ignorar a peruca Mera e os rodopios debaixo d’água.
James Wan tem seus muitos méritos, pois além de dirigir filmes de ação é muito conhecido pelos seus trabalhos com franquias de terror (Invocação do Mal e Jogos Mortais). Essa experiência fica clara em momentos leves de suspense, pequenos sustos e na caracterização monstruosa das criaturas aquáticas. Ainda é possível observar algumas referências a esses filmes como na cena em que Mera está na adega, remetendo totalmente a Carrie, por exemplo; ou a existência de uma Anabelle no fundo de um dos cenários. A câmera giratória durante as lutas é uma marca forte do diretor que funciona muito bem e trás uma dinâmica incrível desde as primeiras cenas do filme.

A fotografia ainda é mais um ponto positivo, pois assim como Thor e Mulher Maravilha, se inspira na mitologia greco-romana. São muitas as cenas que lembram as obras antigas, pelas posições e enquadramentos enchendo os olhos do espectador. Mesmo ao público geral impressionou, sendo possível escutar as expressões de admiração na sala cheia do cinema.
O mais interessante é que todos os elementos que remetem ao herói em suas jornadas tanto na TV, quanto nos quadrinhos estão presentes na trama, inclusive temos o Aquaman mergulhando com golfinhos e surfando com um cavalo-marinho de uma forma tão cool que só é possível acreditar vendo!
Uma coletânea de breguices que amamos.

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