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Crítica: Aguardado filme “Pequenos Vestígios” fracassa ao olhar para os thrillers do passado


É inevitável. Todo filme que seja produzido hoje sob a alcunha de thriler ficará a sombra das produções que popularizaram o gênero em meados dos anos 90/00. O Silêncio dos Inocentes (1991) de Jonathan Demme, Zodiaco (2007) e Seven (1995) de David Fincher são alguns dos nomes que – passado os anos – ainda servem como referências mordazes do gênero. E é nesse porto que o aguardado filme John Lee Hancock, “Pequenos Vestígios”, já encontra sua primeira barreira; como atualizar uma trama de serial killer, de maneira original, respeitando o gênero e não ficando à sombra dos jovens clássicos?

A produção de John Lee Hancock tenta, mas não alcança um lugar memorável. Apesar de uma história de mistério com contornos interessantes, ela não consegue ultrapassar algo que seria visto com facilidade em qualquer episódio de CSI. A trama acompanha Deke (Denzel Washington) um policial cansado, com um talento para enxergar os pequenos detalhes que podem solucionar casos e com uma tendência por quebrar regras. Ele se une ao esperto detetive Baxter (Rami Malek) para encontrar um serial killer (Jared Leto), mas seu passado obscuro e mau comportamento começam a se tornar um problema.

A trama, que é construída em volta do personagem de Denzel Washington (Dake), tenta usar o personagem como catalisador do tom da história, apresentando um mistério sobre o seu passado com alguma profundidade. Infelizmente, o resultado é o total oposto. Assim como o personagem Dake, todos os outros pairam por pouco mais de 2h em algo raso e disforme. A pretensão de Hancock em usar artifícios dos filmes já citados em sua produção é louvável, mas sua empreitada acaba em uma pobre homenagem aos thrillers consagrados.

Ainda com todos os problemas na condução de sua trama – que já nasceu datada – John Lee Hancock consegue apresentar alguns adereços de linguagem que são interessantes. O uso de referências de tramas policiais clássicas estão presentes na identidade visual do longa, nos planos de câmera e na fotografia que tem um trabalho de colorismo elegante e consistente. Elementos que quase conseguem nos fazer esquecer dos tropeços do roteiro (escrito também pelo Hancoock).

O único ponto realmente alto de “Pequenos Vestígios” fica a cargo das atuações de um elenco experiente e premiado. Além de Denzel, nomes como Rami Malek, encabeçando o detetive Baxter e Jared Leto – em toda sua megalomania – interpretando o assassino, dão a trama algum caráter e consistência.

Infelizmente “Pequenos Vestígios” termina como um filme triste de se assistir, não pelo peso de sua história. Mas, pela lembrança indelével de que não se faz mais thrillers como antigamente.

*Pequenos Vestígios está disponível na HBO Max

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