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Coletivo CIDA (RN) conclui residência artística em São Paulo

Com o objetivo de refletir sobre padrões hegemônicos relacionados à noção do corpo, pretitude, processo e estética, o Coletivo CIDA (RN) participou na última semana do Circuito Vozes do Corpo, um evento consolidado como o festival pioneiro de dança contemporânea das periferias de São Paulo, organizado pela Cia Sansacroma (SP).

Fundada em 2002 pela atriz, dançarina e coreógrafa Gal Martins, a Cia Sansacroma é um grupo de dança contemporânea da cidade de São Paulo que desenvolve trabalhos utilizando, além da dança contemporânea, elementos de poesia e teatro.

Durante uma semana, o CIDA esteve junto com o Yabás Coletivo (CE), um grupo do Ceará que trabalha com espetáculos cênicos e musicais voltados para a cultura popular e cultura afro-indígena, na Fábrica de Cultura do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, realizando trocas de saberes e pesquisas por meio de laboratórios de criação.

Para Bruno Novais, bailarino da Cia Sansacroma, vivenciar essa residência foi transformador. “Acessar nossas dores nunca é fácil, mas transformar esse movimento em dança, em potência criativa é muito forte e transformador”, comentou.

“Foi muito lindo ver o cuidado que o René (integrante e um dos fundadores do CIDA) mediou durante a residência. Ele teve todo momento em dar esse espaço de autonomia para a gente escolher quais são essas memórias trágicas que a gente queria acessar da nossa vida e finalizamos com uma proposta de investigação e improvisação, onde cada um foi sendo protagonista da dinâmica, mas ao mesmo tempo integrando um coletivo que se move e dança junto com aquela pessoa. Foi uma experiência incrível que está reverberando ainda e que eu acredito que vai reverberar muito durante a minha vida, para além da minha pesquisa artística, e estou muito grato e ansioso por novas trocas”, completou Bruno.

De acordo com Arthur Moura, produtor do Coletivo CIDA, a Residência Artística Vozes do Corpo possibilitou um encontro muito potente. “Nesses cinco dias de residência, vivenciamos experiências coletivas e coletivizadas que só reforçaram que as metodologias e pesquisas dos três grupos estão muito próximas, mesmo eles estando distantes geograficamente. É muito gratificante participar de uma residência onde se percebe o cuidado com o outro, onde você é ouvido, onde você é percebido e tem o seu lugar de existência respeitado. Espero que novos desdobramentos surjam a partir desse encontro tão lindo”, estima o produtor.

René Loui, coreógrafo, intérprete e fundador do Coletivo CIDA, avalia que a experiência foi fundamental para rever conceitos. “Durante os dias vividos em contato com a Companhia Sansacroma e o Coletivo Yabás, fortaleci minha compreensão sobre ‘residência artística’ como uma ferramenta criativa poderosa. Ao longo de diversas experiências nas artes, participei de várias residências que me permitiram explorar diferentes territórios e territorialidades. Esses cinco dias vivendo esta geografia e interagindo com incríveis artistas pretos reforçaram a importância da residência como um espaço criativo compartilhado”, avalia René.

“Em 2023, tivemos o privilégio de conhecer Gal Martins, idealizadora do Circuito e diretora da Companhia Sansacroma. Durante nosso encontro após a exibição de ‘Corpos Turvos’ na Mostra de Dança do Itaú Cultural, percebi como, apesar das distâncias geográficas e das terminologias diferentes, as pesquisas sobre dança-tragédia que realizamos com o Coletivo Cida têm afinidades marcantes com as pesquisas sobre a Dança da Indignação conduzidas por ela na Sansacroma. Em ambos os contextos, exploramos a dança como uma expressão das identidades, das dores e violências que enfrentamos diariamente em uma sociedade onde o racismo insiste em ser velado. Estou feliz por reconhecermos que, além de teorias semelhantes, nossas práticas em dança também se entrelaçam. Talvez precisemos de mais encontros para explorar coletivamente essas interseções.”

Ao final da residência os grupos realizaram uma mostra de processo intitulado  “A Tragédia do Boi Indignado”, onde foram compartilhados fragmentos dos experimentos desenvolvidos ao longo da residência.

Sobre o CIDA

Fundado em 2016 por Arthur Moura, René Loui e Rozeane Oliveira, artistas e produtores radicados no Rio Grande do Norte, o Coletivo CIDA é um núcleo artístico conhecido por sua produção contemporânea que incorpora recursos de Comunicação Assistiva, como audiodescrição e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).

Todas as informações sobre o CIDA podem ser acompanhadas através dos canais de comunicação do coletivo. Acesse: www.coletivocida.com.br ou acompanhe o Coletivo no Instagram em: @coletivocida.

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