Como tornar uma história que tem o xadrez como ponto central um sucesso pra lá de interessante? A Netflix mostrou como em sua recente produção, “O gambito da Rainha”. Mas, antes de conhecermos esse sucesso tal como ele é, “O Gambito da Rainha” teve seu roteiro rejeitado por quase 30 anos pelos maiores estúdios de Hollywood. Allan Scott, roteirista da minissérie, tentou vendê-lo incansavelmente, até que, encontrou na Netflix e no Scott Frank – diretor responsável pela produção – o necessário para tornar sua história real. Ou seja, eles foram conquistados pela trama da jovem prodígio do xadrez que desafia a opressão masculina das décadas de 50 e 60.
A minissérie “O Gambito da rainha” conta a história de Beth Harmon, estrelado na infância por Isla Johnston e na fase adulta pela espetacular Anya Taylor-Joy, uma menina que aprende no porão do orfanato em que vive – após a morte da sua mãe – a jogar xadrez com um dos zeladores da instituição, se mostrando um prodígio. Tudo ambientado numa América de anos dourados de maneira esplendorosa por uma equipe técnica afiada.
Em sete episódios podemos acompanhar a jornada da jovem prodígio no universo de xadrez e seus campeonatos, bem como, todas as sequelas que a morte precoce da mãe a causou, a relação com sua nova família adotiva e o abuso de consumo de álcool e medicamentos (o qual se viciou durante seu período no orfanato). Tudo isso mostrado através de uma atuação soberba da Taylor-Joy, que encontrou a alma da personagem em toda sua profundidade e deixa isso claro em cada segundo de tela.
A produção, que segue com nota máxima no Rotten Tomatoes (maior medidor de qualidade de produções da internet), conta com nomes como Thomas Brodie-Sanger (Game of Thrones), Harry Melling (Harry Potter) e Bill Camp (The Outsider) em seu elenco. Todos em desempenhos espetaculares de atuação, ajudando a expor o mundo de xadrez de forma espirituosa e servindo com catalisadores das cenas da Anya, que precisa de sua força máxima para passar a verdade de sua personagem nas suas curvas de aprendizado, flertes e interação com o jogo e com o mundo.
O misto de genialidade e loucura da Beth Harmon que vemos no decorrer de sete episódios poderia cair no drama novelesco com facilidade, se não fosse a excelente direção de Allan Scott que fez da trama uma espécie de conto de fadas clássico e humano. Tornando “O Gambito da Rainha” – sem pestanejar – a melhor produção da Netflix do ano de 2020. Um verdadeiro xeque-mate em todas as outras produções da casa.
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Jornalista formado pela UNP – Universidade potiguar – é assessor de imprensa corporativa da Us Comunicação e já escreveu em diversos portais sobre os mais variados assuntos. Hoje escreve sobre sua maior paixão no Apartamento 702, a sétima arte. Venera café, livros, filmes empoeirados, plot twists e hoje protagoniza um spin-off de vida fitness.