Você já descobriu todos os jeitos de me fazer sorrir e isso já basta. Já me desmontou outras vezes, me vendo bonita com um pouco mais que os olhos: me sorrindo por inteiro.
Já me convenceu que é preciso muito pouco para o dia ficar bom, e o seu abraço é esse pouco que já me é tanto. Seu sorriso tem me dito discursos inteiros e imprecisos de nós dois, que somos assim, sem precisão nenhuma de ser para si e para o outro, por necessidades covardes. E seguimos desmontando um ao outro fingindo que nem nós mesmos estamos sabendo disso tudo. Desse tudo, que já é o que somos faz tempo.
Não sabemos até quando nossos sorrisos podem ficar assim conversando em público, sem que percebam algo. Mais ainda quando seu olhar gargalha junto com o meu e me faz carinhos explícitos, em plena luz do dia, me dando mais sol e um sorriso de ver nossas almas. E você já é bem isso todos os dias agora: um sorriso que me invadiu e me arrancou os segredos. Você mesmo já sabe disso tudo, desse tudo. O que somos.
Todo amanhã completa um dia de uma saudade disfarçada que você já descobriu e já sabe, e que a veste todas as vezes do seu melhor jeito: com um abraço completo. Mais um, mais vários. Quando seus ombros na altura dos cheiros e dos afagos e o aroma de tudo que você pode ser: uma entrega com e sem perigos, uma saudade agora escancarada – não se dando mais a esconder.
Nossos olhos conversam e nossos sorrisos se beijam a metros de distância. Meu corpo inteiro já sabe quando você chega, e ele sorri inteiro a cada vez: me denuncia demais. Você já descobriu todos os jeitos de me fazer sorrir. E isso já basta.