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Radar de novidades 702: Pretta Soul lança seu primeiro álbum solo intitulado ‘Poder Preto’

O ano de 2021 marca os 30 anos de vida de Jéssica Mayara conhecida artisticamente como a rapper Pretta Soul. Recentemente, no dia 30 de abril, seu aniversário, ela concretizou o sonho de  lançar nas plataformas digitais seu primeiro trabalho solo, intitulado: PODER PRETO, produzido com recursos da Lei Aldir Blanc Natal.
O lançamento tem 10 composições autorais, e foi todo gravado com banda que teve na formação os músicos: Jonathan Mysack (Guitarra), João Felipe Santiago (Baixo e Guitarra), Kleber Moreira (Percussão) e Laisla Cruz (Backing vocal). O CD vem com toda a força e poder de uma preta, mãe e periférica que através do hip-hop encontrou uma nova expectativa de vida e de transformação.

Saiba tudo sobre esse lançamento na entrevista a seguir:

702:  Este lançamento tem sido viabilizado via Lei Aldir Blanc. Conta para gente como foi o processo de gravar este trabalho no meio da pandemia: você já tinha as letras ou tudo foi produzido pós-aprovação na Lei?
Pretta Soul: Tem músicas que foram feitas durante a pandemia, outras q tem uns 2 anos e outras que surgiram de acordo com esse desfeito político. Gravei tudo durante a pandemia no mês de dezembro de 2020. A gente intercalava as idas ao estúdio pra não ficar aglomerado. O produtor ia me mandando os trabalhos feito no dia pra que eu pudesse opinar sobre o que estava sendo feito. O restante das coisas era tudo virtual, das mix e master ao processo de prensagem e impressões. As fotos foram tiradas em uma manhã de domingo de Carnaval com uma diretora artística, um fotógrafo e um motorista. aproveitando o dia que teria pouco fluxo nas ruas, e assim poderíamos evitar aglomeração.

702: 
Este é seu primeiro álbum solo em quinze anos de carreira. Fala pra gente o que este trabalho representa para você a nível pessoal e profissional:

Pretta Soul: Não só a música, a cultura no geral mudou a minha. Sou cria de comunidade, e como muitos sabem as oportunidades são diferentes, os acessos a outros meios de vida ficam mais fáceis. A música entrou na minha vida pra revolucionar o meu caminho e me mostrar um “novo mundo”. Não me imaginava chegar aqui, mas era tudo que queria. Como uma boa taurina cheia de atitude e teimosia, insisti sem olhar pra trás. Estou vivendo cada momento aguardando o que o futuro reserva. Conheci o hip hop através da dança quando eu tinha 11 anos de idade. Aos 13 conheci o rap através de uma amigo chamado Preto Bronx,  me ensinou a cantar rap. De lá pra participei de vários grupos, mas nunca tinha me encontrado em nada, Até o dia em que decidi seguir carreira solo e fazer tudo do meu jeito. Metade da minha vida foi dedicado a esse mundo artístico. Eu sempre costumo dizer que o hip hop foi um resgate na minha vida, e assim eu sigo.


702: Em “Poder Preto”, canção que dá nome ao álbum, você fala do orgulho da sua negrutide. Fala da importância de pautar este tema, principalmente neste momento onde a mortalidade por covid-19 é maior entre população negra e há também um crescimento no número de casos de assassinatos:
Pretta Soul: Lançar um CD solo era o meu sonho. Poder ver pessoas se espelhando e se sentindo representado é muito gratificante. Não faço isso por moda, por grana, e nem por fama, faço por amor à cultura, Já sou realizada por tudo que já conquistei. ‘Poder Preto’ vem baseado na luta do povo preto, das mulheres, do favelado, do empoderamento preto, da liberdade de expressão e de reconhecer as suas raízes. ‘PODER PRETO’ também vem bem diversificado, tem boombap, tem trap com maculelé, tem rabeca, tem soul e reggae. Tá cheio de harmonia, musicalidade, e o principal, REALIDADE de uma guerreira que mudou o seu destino e seguiu carreira na área artística de sua cidade com a ideia de levar sua música a quem precisa.
702: Você tem aberto caminhos e fortalecido a presença feminina no movimento hip-hop. Você sente que ainda há muito preconceito com a presença feminina no hip-hop?
Pretta Soul: Como um tudo, a mulher sempre teve a dificuldade de ter a liberdade de fazer o que quiser. No hip hop não seria diferente, né?! É uma cultura machista, mesmo tendo uns que tentam se desconstruir e entender que, estamos ali pelas mesmas causas e não vai ser o gênero que vai dizer quem pode , quem não pode. Onde na verde é uma cultura que luta contra sistema, e pela inclusão da população preta periférica. Eu sou representante das vozes feminina do rap de Natal, mas não me sinto em casa com essa nova geração que vem cheia de machismo e ilusão. Que em suas letras difamam mulheres o tempo todo, trazendo letras vulgares com pederastia que só queimam todo um legado que foi construído ao longo do tempo. Isso é foda!!
702: Seu novo trabalho conta com participação de três artistas mulheres: Iyalê, Laisla Cruz e Gabriella Silva. Como surgiu o convite para estas participações?
Pretta Soul: Iyalê chegou nesse disco de paraquedas, Não estava nos planos até o dia em que eu pensei em botar a poesia pra abrir o disco. Logo pensei nela, e ela achou top a ideia. Tínhamos 3 obras, e essa foi a escolhida. Ela abre o disco em ‘Só quero o que é meu’.
Tiquinha Rodrigues, a nossa rainha da rabeca potiguar não podia ficar de fora. Antes da Lei Aldir Blanc, havíamos trocado umas ideias sobre esse feat na música ‘Nordeste’, então só faltava gravar. Ela já estava ligada nesse convite kkkk…
Lili bélica é uma das antigas, dos tempos que a gente dançava break no bairro das rocas, e sempre tínhamos o sonho de fazer uma dupla de rap. A gente vivia compondo juntas, e ‘Nordeste’ foi uma das faixas que marcou essa nostalgia. O Refrão foi feito por ela, as rimas por mim, e a cantiga (coro) por tinha Tiquinha.
Laisla já escrevia, mas não tinha coragem de botar em prática. Já Gabi era uma rapper das antigas do RJ, mas já faia um tempo que estava parada. Um certo dia a gente resenhando em grupo que a gente fazia parte (eu,Gabi e laisla), mostrei um pedaço da música que eu tava escrevendo, aí Gabi foi e escreveu logo um pedaço e mandou. Laisla se animou e fez tbm. Logo surgiu a música ‘ Só quero o que é meu ‘.
Para completar, eu e Analuh Soares sempre fomos muito amigas. ‘Poder Preto’ (faixa) necessitava de uma voz com representatividade independente de gênero musical, e ela chegou enriqueceu essa música com seu brilho e força.

Escute Poder Preto:

Poder Preto foi contemplado e realizado através da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc / Natal-RN – CHAMADA PÚBLICA DE EMERGÊNCIA CULTURAL – Nº 004/2020 – EIXO 4 – DA GESTÃO, DO FOMENTO E DO FINANCIAMENTO. Via Prefeitura do Natal e Governo Federal.
Fotos: Augusto Júnior

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