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Confira nossa entrevista com a Potyguara Bardo (e um pouco sobre o seu álbum de estreia)

Antes de tudo, a própria figura da Drag Queen já é considerada um ato político, cruzando as fronteiras do gênero através de uma identidade ambígua, a qual choca artisticamente com os padrões estabelecidos pela sociedade. Expressar-se como drag é muitas vezes uma luta de resistência contra as categorizações sociais construídas.

A Potyguara Bardo é a prova de tudo isso, construindo seu trabalho através da representatividade local, psicodelia e canções únicas. A gente bateu um papo com a Potyguara sobre como tudo começou e ainda comentando a cerca do seu primeiro álbum.

Confere abaixo nossa entrevista:

702: Como tudo começou? Seu projeto de drag? Seu envolvimento como artista? O 702 quer saber como a Potyguara nasceu

P: Tudo começou com minha afinidade pela cultura desde muito cedo e, com o tempo vendo como ela nos molda e como existe um lado podre (como há em tudo). Aí juntou minha sede de expressão com esse incômodo, então decidi por minha voz no mundo. Inicialmente com músicas dos outros que me representavam emocionalmente através de dublagens e covers, até que a vida me apresentou a possibilidade de escrevê-las e hoje to aqui 🙂

702: Você faz música politizada, e com muita representatividade local. Nos conta um pouquinho como essa identidade se formou, qual sua intenção com esse trabalho babadeiro cheio de simbologia 

P: Eu sempre via que as pessoas pra viverem da arte aqui de Natal precisavam deixar a cidade e paralelamente por me sentir um estranho no ninho as vezes desejava sair de mim. Buscando quem eu era, acabei tombando nessa condição do potiguar, que limita o campo de possibilidades do nosso imaginário. Coloquei então essa identidade local no nome pra que lembrasse sempre que vim de um lugar físico e mental/social  que apagava minha existência da cultura como um todo. Minha intenção é puramente me expressar, mas sempre na torcida de tá representando artistas ainda por vir, que venham a ser ainda mais absurdos e originais. O Rio Grande do Norte (paralelamente o Brasil e o mundo) tem a sua tragédia, mas olhando para o que podemos ser surge uma terra mágica na nossa mente e é pra lá que eu quero ir. O RN é mágico.

702: A gente já ouviu e sabe que o seu álbum de estreia “Simulacre”, é uma verdadeira viagem. Agora, nos conta, como o lacre deste trabalho surgiu? Você realmente pediu um iFood e teve uma inspiração? Brincadeira… mas conta um pouquinho dessa lombra que a gente está amando ouvir no repeat (KA-KA-KA-KARAMBAAA)  <3

P: A experiência psicodélica me ajudou muito a me conhecer e descobrir minha função no mundo. A descobrir as origens dos meus desejos, medos e tristezas. Se eu to colocando minha arte no mundo hoje, foi devido aos insights que saíram dessa busca pelo que eu sou. E ao descobrir o que sou de verdade, eu pude finalmente falar de mim e ser ouvido, pois hoje vejo que sou quem me ouve falar.

Aproveita, e escuta agora o primeiro álbum da Potyguara, o “Simulacre”:

Foto por: Por Luana Tayze

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