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Com seleção potiguar na disputa, poker feminino tem representatividade em disputa nacional

Por Luara Lua Pereira de Marinis


O poker é um dos esportes em que não há diferenciação de gênero. Não importa a modalidade, homens e mulheres disputam igualmente torneios de diferentes níveis e variantes. Atualmente o lado masculino ainda domina em quantidade e a maior parte das competições ainda é composta por eles. Apesar disso, o cenário tem mudado aos poucos nos últimos anos.

Algumas iniciativas estão sendo realizadas para trazer mais igualdade na quantidade de competidores nas mesas. Uma delas é o Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes, o CBPE. 
Realizado anualmente desde 2013, ele é disputado entre as melhores seleções estaduais do país em uma etapa paralela ao Campeonato Brasileiro de Poker, circuito que é conhecido como BSOP.
“É muito bom ver os maiores jogadores de poker do Brasil tão empolgados com um torneio desses, porque é uma das oportunidades que eles têm de representar seus estados e jogar em equipe. Mostra que o poker se mantém competitivo mesmo sem premiações em disputa”, diz Ueltom Lima, presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH).
No CBPE, todas as seleções que participam precisam ter pelo menos uma mulher no elenco dos sete integrantes. Neste ano, o torneio foi realizado entre os dias 17 a 18 de julho e o Rio Grande do Norte esteve entre os 20 participantes.
A seleção estadual tentou dar continuidade a excelente performance do ano passado, quando havia ficado com a sexta colocação geral e a segunda melhor classificação entre as seleções nordestinas.

Neste ano, o time foi composto por Sanderson Lelis, Maxwell Aciole, João Paulo Bulhões, Everton Bezerra, Anne Greyce e André Figueiredo, com o atleta Pedro Felipe na posição de treinador. Apesar da alta expectativa, a equipe não conseguiu ir para o segundo dia de competição e ficou de fora das 15 primeiras colocações.
A participação, porém, foi mais uma vez positiva para o poker potiguar, que é de qualidade e costuma disputar o esporte no mais alto nível. Para Anne, única mulher na equipe, serviu para adicionar ainda mais experiência no currículo.
Frequente em competições do Nordeste Poker Series (NPS), circuito que é o mais importante da região, Anne teve a oportunidade atuar contra os melhores competidores do país no CBPE.
Seleção campeã teve uma mulher como treinadora
Neste ano, a seleção goiana conquistou o título do CBPE. Além de ter sido o primeiro título da história do Estado, a vitória também representou a estreia de uma mulher no comando de uma equipe do torneio.
Na ocasião, a competidora profissional Lidiane Moutinho comandou o time goiano rumo ao título e treinou os jogadores João Bauer, João Paulo Gomides, Artur Guerra, Sérgio Capps, Kelly Manze e Gustavo Luz.
Na decisão, a equipe teve que superar a seleção gaúcha, que começou o dia final do torneio com a liderança. O momento histórico com o primeiro título de Goiás e a vitória de uma seleção com uma treinadora no comando ficará marcado para sempre na competição. “Muito feliz por todos. Que equipe! Fizemos um excelente trabalho com o título”, afirmou Lidiane após a conquista.
Nos dias atuais a popularidade do poker no celular é grande e muitos praticam através do celular com toda praticidade possível. No entanto, eventos como o CBPE só podem ser disputados com presença física e, portanto, a seleção potiguar e outras do Nordeste tiveram que se deslocar em uma longa viagem até a capital paulista para o torneio.
Como se encontra o poker brasileiro entre as mulheres?
O país conta com algumas competidoras de muita qualidade que se destacam até mesmo no cenário internacional. Nomes como Vivian Saliba, Milena Magrini, Caroline Dupre e Day Kotoviezy são as atletas que conseguem os melhores resultados.
Saliba, por exemplo, vem de uma excelente atuação em Las Vegas no World Series of Poker (WSOP). Em um dos torneios do maior circuito do mundo, a paulista ficou com a quarta colocação em sua premiação mais volumosa da carreira (US$ 308 mil).
“No geral, 99% das vezes, não tem nenhuma saia justa, nenhuma indelicadeza. O máximo é alguém te perseguir um pouco mais na mesa, mas a gente sempre acaba levando um pouco na brincadeira”, disse a atleta em entrevista à Rede Bandeirantes quando perguntada se há algum tipo de incômodo nas mesas quando joga diante da maioria masculina.
Além da boa fase de Vivian, outra paulista também está brilhando em 2019. Milena Magrini viajou até Madrid em abril para ficar em terceiro lugar de uma das maiores competições da Espanha, o Aconcagua Million Madrid.

Com a excelente participação, a atleta recebeu € 135 mil. “Ainda não caiu minha ficha direto que eu conquistei o maior prêmio de uma brasileira na história do poker! Ainda estou anestesiada, porém muito feliz e grata por ter a oportunidade de jogar um evento desse porte”, celebrou a competidora em entrevista ao site Superpoker.
Apesar dos bons resultados de algumas competidoras, o cenário ainda está longe ser o ideal. “Não chega a 10%. Gira entre 5% e 10%. Como você vê isso? Você vai encontrar uma mulher a cada duas mesas. Deveria ser 50%, elas estão 10 vezes menores do que deveriam estar”, afirma Igor Trafane, ex-presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em.
Expectativa para o futuro das mulheres no poker
O processo de mudança não é rápido, mas a participação de mais mulheres nas mesas de poker está aumentando gradativamente e as expectativas são para o futuro são muito positivas. 
Com a modalidade crescendo no país, é natural que novas mulheres se interessem pelo esporte da mente. Casos de competidoras como Vivian, Milena, Lidiane e tantas outras são fundamentais para servirem de espelho para quem pretende engatar uma carreira nas mesas.
 

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