Você já patinou ou teve vontade de aprender? A patinação é uma atividade recreativa/ esportiva bastante antiga, e talvez você não saiba, mas o campeão brasileiro de inline downhill (a modalidade mais rápida da patinação) é potiguar! O nome dele é Anderson Dantas, e hoje ele esclarece as principais dúvidas de quem está começando.
Antes de falar sobre o Anderson, trago para vocês um fato curioso: segundo estudiosos, a patinação teve início no norte da Europa, possivelmente há mais de três mil anos, e os primeiros patins eram feitos de ossos de animais, sendo utilizados como forma de transporte durante o período de inverno para atravessar os canais que ficavam congelados.
Se você é millennials como eu, deve lembrar que a patinação foi febre aqui no Brasil nos anos 80/90, a febre era tanta, que existiam diversas bonecas patinadoras, como a Barbie, Lu patinadora, Anita Skater Club, teve até mesmo uma versão da Minnie sob rodas. Fato é, se você quisesse ser popular na escola, você tinha que ter um patins! Além de brinquedos que incentivam a prática, em Natal havia muitos espaços destinados a esta atividade como o Natal Roller, Flying Rollers, Marina Roller, e Aero Roller. Para muitas mães, como a minha, era algo caro, e acima de tudo perigoso!
Tive então, que me contentar com a Lu Roller (versão dos anos 90 da Lu patinadora), e nunca possuí um patins para chamar de meu. A saída era brincar com o dos primos/amiguinhos da escola que tinham, mas era algo que sempre acabava em briga, pois muitas das vezes, eram mais de cinco crianças dividindo o mesmo patins, aí já viu! Disso ficou uma enorme paixão pela patinação, ficava inclusive acorda de madrugada para acompanhar competições de patinação artística nas Olimpíadas de Inverno. E aí anos se passaram, chegamos à pandemia do covid-19, decidi que era hora de realizar o sonho da pequena Cecí, e finalmente comprei o meu primeiro patins (digo primeiro pq eu já vou comprar outro, hehehe).
E foi tentando realizar o sonho da pequena Cecí, que acabei sofrendo uma queda, imobilizando o braço, e assim, conhecendo o Anderson, que inclusive se tornou meu instrutor de patinação. Desde que começamos as aulas e as publicações a saga da Cecí patinadora (no meu perfil no Instagram), tenho recebido muitas perguntas e chamei o Andinho para responder as principais:
702: Conta pra gente um pouco da sua relação com a patinação e como isso virou sua profissão?
Andinho- A patinação entrou na minha vida lá em 1994 quando tive o contato pela primeira vez com o patins inline, naquela época foi o primeiro boom da patinação em Natal, em 1995 eu já era instrutor de patinação na Flying Rollers que ficava ao lado do IFRN, mas vim me profissionalizar em 2014 quando entrei pra modalidade inline downhill que é a fórmula 1 da patinação. De lá pra cá conquistei títulos importantes como vice campeão Norte Nordeste 2016, campeão Pernambucano 2016, campeão mundial IGSA 2017, Campeão Brasileiro 2017, Campeão Norte Nordeste 2017, Vice campeão Brasileiro 2019. Em 2018, fui o primeiro atleta de inline downhill do mundo a ser patrocinado por um time de futebol, o ABC futebol clube nas temporadas 2018 e 2019, sendo o primeiro Brasileiro a conquistar um título de campeão mundial na modalidade inline downhill.
702: Você é campeão de downhill, explica pra galera a diferença dessa modalidade de patinação.
Andinho – O inline downhill é a modalidade mais rápida da patinação, tendo recorde de velocidade na casa dos 136km/h. As corridas de downhill consistem de dois a quatro atletas por descida. Nos campeonatos são feitas as tomadas de tempo, treinos livres e depois as corridas por baterias de eliminatórias. As pistas podem ser de velocidade com poucas curvas ou podem ser técnicas, ladeiras inclinadas com muitas curvas. Quem ultrapassar a linha de chegada primeiro vence.
702: Por que patinar?
Andinho- Patinar já se tornou hábito no meu dia a dia. Além dos diversos benefícios que a patinação trás como melhora do sistema cardiorrespiratório, tonificação muscular, equilíbrio, melhora a coordenação motora… entre outros, a patinação além de ser um exercício completo, você se diverte e sente uma sensação de liberdade.
702: Onde é possível praticar em Natal e Parnamirim?
Andinho – Infelizmente em Natal não existe um espaço próprio para a prática da patinação, mas existem alguns locais que são utilizados por patinadores. Por exemplo Árvore de Natal de Mirassol tem um espaço excelente pra quem quer aprender ou mesmo pra quem já sabe. Tem o espaço ao lado do DED em Candelária, o Bosque dos namorados somente crianças podem patinar, adultos são proibidos de utilizar o espaço, (o que eu acho um absurdo, tendo em vista que Natal não tem espaços suficientes para praticantes da patinação). Em Parnamirim, indico a área externa do condomínio Alphaville em Pium.
702: Na era onde a gente encontra diversos tutoriais online, é seguro tentar aprender a patinar pela internet?
Andinho – Esse é um ponto bastante delicado, pois existem bons cursos online com vários tutoriais ensinando como patinar, porém nada substitui o olhar clínico do professor ou instrutor de patinação. Presencialmente o professor consegue enxergar alguns detalhes como posicionamento de base, posicionamento dos pés, entre outros fatores que podem acabar gerando vícios na patinação.
702: Muita gente tem medo de se aventurar na patinação depois de adulto, o que você diria para essas pessoas?
Andinho – Aqueles que nunca colocaram um par de patins nos pés ou quem já andou quando criança e quer voltar a patinar novamente, procure um instrutor de confiança que te oriente a comprar os equipamentos corretos, não somente patins, mas todas as proteções, munhequeiras, cotoveleiras, joelheiras e inclusive capacete. Além disso, aulas para que possa entrar na patinação da forma correta e segura.
702: Quais são as orientações fundamentais para quem quer começar a patinar?
Andinho – Adquirir todos os equipamentos de proteção mencionados anteriormente, procurar um instrutor que possa ministrar aulas de forma correta, procurar um local adequado para a prática da patinação. Uma observação, quem tem labirintite ou alguma doença óssea, procurar fazer uma avaliação médica antes da patinação, pois as quedas fazem parte da patinação e todo cuidado é necessário para se ter um aprendizado seguro.
Quem quiser conhecer mais do trabalho do Andinho, pode acompanhá-lo no Instagram aqui ou no canal dele no Youtube:
Foto de destaque: Tim Flores
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Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.