O Coletivo Espotô Balaio, formado por artistas potiguares que migraram pro sudeste, fez história ontem ganhando o Prêmio Shell de Tetro na categoria Inovação com o espetáculo ‘A Cidade dos Rios Invisíveis’.
Com ideia original, roteiro e direção de João Batista Júnior, o espetáculo ‘A Cidade dos Rios Invisíveis’ é o terceiro e maior espetáculo realizado pelo Estopô na residência artística no bairro do Jardim Romano, extremo leste paulistano. Ele finaliza a Trilogia das Águas (três espetáculos), iniciada em 2012, a partir das histórias de enchentes e alagamentos vividas pelos moradores do bairro.
O elenco de ‘A Cidade dos Rios Invisíveis’ é formado por : Adrielle Rezende, Ana Carolina Marinho, Anna Zêpa, Bruno Fuziwara, Carol Piñeiro, Keli Andrade, Juão Nyn, Júlio Lorosh, além de moradores do bairro Jardim Romano, tais como a moradora Jacira e o rapper Dunstin Farias. A dramaturgia é assinada por Ana Carolina Marinho, João Batista Júnior e Juão Nyn. Mais de 30 profissionais do Nordeste e outras localidades, em sua maioria moradores do extremo leste da cidade de São Paulo fazem parte do projeto. Contando também com um elenco de 13 atores mirins, que são moradores do bairro e estudam teatro na Casa Balaio, sede do Coletivo.
No espetáculo, a viagem de trem é uma áudiotour com aparelhos disponibilizados pela produção. No áudio elaborado pelo grupo, são contadas as histórias dos bairros cortados pela Linha 12 – Safira da CPTM (Companhia de Trens de São Paulo) de forma poética e sensível. Depoimentos, músicas, poesias se misturam na experiência sonora e o trem, assim como a cidade, vira personagem do espetáculo. “A cidade dos rios invisíveis” é inspirado no livro “As cidades invisíveis”, de Italo Calvino.
Em publicação de agradecimento nas redes sociais, o idealizador João Batista destacou o quanto o reconhecimento é bom. “Ontem passou um filme na cabeça. Prêmio para mim é trabalhar. Amo o teatro. Ele me inventou uma vida possível. Ontem o Coletivo ESTOPÔ Balaio recebeu o prêmio Shell de inovação por A Cidade dos Rios Invisíveis. Um filme na cabeça. Um peito cheio e aberto. Reconhecimento é bom, mas melhor ainda é aprender a reconhecer-se e reconhecer o outro na caminhada. Garagem, sala de dança, rua, rio e todos os lugares podiam ser ocupados com o teatro pelo ESTOPÔ no Jardim Romano. A disputa de território é imagética. No Romano o imaginário foi construído pelo tráfico, violência policial, igrejas evangélicas até que chegou o teatro. Hoje, ele faz parte do imaginário do bairro e do morador. Viva Jardim Romano! Viva Natal, Rio Grande do Norte! Viva o Nordeste! Viva São Paulo. Sempre digo isso: Natal é minha mãe e São Paulo é meu pai.”
A atriz Keli Andrade dedicou o prêmio às suas filhas e aos moradores do extremo leste de São Paulo. “Este prêmio é para todos os moradores do extremo leste de São Paulo, de onde eu vim, e também para as minhas duas filhas que me ajudaram a passar por tudo isso. Atravessamos uma enchente com água até o peito e viemos até o Centro para mostrar que o Jardim Romano e o Jardim Fiorelo existem, e existe cultura e arte além da enchente”.
‘A Cidade dos Rios Invisíveis’ – Ficha Técnica
Ideia Original, Roteiro e Direção
João Batista Júnior
Dramaturgia
Ana Carolina Marinho, João Batista Júnior e Juão Nyn
Colaboração dramatúrgica
Elenco
Elenco
Adrielle Rezende, Ana Carolina Marinho, Anna Zêpa, Bruno Fuziwara, Carol Piñeiro, Keli Andrade, Juão Nyn, Júlio Lorosh
Trilha sonora Trem-Ato
Marko Concá
Concepção de dispositivo sonoro
Carol Guimaris e Doutor Aeiuton
Poesias
Debora Fiúza “Rata”, Emerson Alcade, Jacira Flores e Sérgio Schiapin
Canções
Diane Oliveira, Dustin Farias, Matheus Farias, Juão Nin, Marko Concá
Figurino
João Batista Júnior
Artes Visuais
Eveline Sin, Daniel Minchoni, Coletivo Estopô Balaio, Clayton Lima, Paula Mendes e moradores do Jardim Romano
Dança de Rua
Bia Ferreira, Mell Reis, Luan Pinheiro, Luiz Filipe, Moisés Matos
Produção
Ana Carolina Marinho e João Batista Júnior
Assistente de produção
Wemerson Nunes
Sonoplastas
Jomo Faustino e Sabrina Teixeira
MCs
Dunstin Farias e Matheus Farias
Percussão
Josué Bob
Contra-regras
Ana Maria Marinho, Clayton Lima e David Costa
Secretaria
Lisa Ferreira
Participação especial
Diane Oliveira e Seu Vital
Designer Gráfico
Anderson Leão
Assessoria de imprensa
Canal Aberto
Receptivo
Keli Andrade e Lisa Ferreira
Vencedores do 32º Prêmio Shell
Iluminação
Beto Bruel, por “Lazarus”
Figurino
Simone Mina, por “Insônia – Titus Macbaeth”
Música
Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva por “Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias”
Cenário
Carlos Calvo, por “Cais Oeste”
Inovação
Estopô Balaio, por “Cidade dos Rios Invisíveis”
Dramaturgia
Janaina Leite, por “Stabat Mater”
Direção
Daniela Thomas, por “Mãe Coragem”
Ator
Luis Miranda, por “O Mistério de Irma Vap”
Atriz
Tania Bondezan, por “A Golondrina”
Foto do espetáculo: Mylena Sousa
Posts relacionados:
Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.