A série da Netflix acusada de gordofobia antes mesmo de estrear, que angariou um abaixo assinados com mais de 220 mil assinatura para que não fosse ao ar, teve a pior avaliação na história do canal de streaming.
CONTÉM SPOILERS (DE LEVES)
De fato, se basear por um trailer para julgar toda uma série é muito precipitado. A história da garota que após um acidente, passa a apenas ingerir líquidos e emagrece 30 quilos, vai além de promover críticas relacionadas ao estereótipo de gordo ou magro. Mexe com muitos outros conceitos morais da nossa sociedade.
1 Motivo para ver
Tem que estar preparado para um nível de sarcasmo elevado, já que o humor da série é bem negro. Críticas sobre vários tipos de assuntos delicados, incluindo o LGBTQ, dependentes químicos, assédio, pedofilia. A piada com esses temas, que às vezes nos faz rir, nos faz levantar o questionamento sobre o certo e errado. Em muitos momentos me lembrou a outras séries que usam destes recursos para fazer humor como: Umbreakable Kimmy Schmidt e Ugly Betty (que fala sobre padrões de beleza).
3 Ótimos para não ver
Não desconstrói o preconceito
A história a todo momento cria uma situação ridícula sobre algo politicamente incorreto, quando o roteiro consegue impor uma moral aquilo, podemos avançar, mas muitas vezes é a piada pela piada. Mesmo que haja uma boa intenção de reflexão por trás, muito mais choca e desconforta do que causa o riso. Em alguns casos dá até aquele sentimento de vergonha alheia. No meio da temporada começam a existir alguns dramas que se sobressaem ao humor, para entendermos que algumas situações são sérias, mas essa mistura causa uma sensação de futilidade muitas vezes, já que quase sempre a piada desmerece o drama, que não tem tantas consequências.
Atuações e direção questionáveis
Temos bons atores no todo. Não sei se é a direção que faz a piada perder o time, ou se é pelo elenco mesmo. Alguns personagens conseguimos sentir uma afinidade maior para o riso, outros são extremamente inexpressivos e rezamos para que percam tempo de tela.
Adolescentes estão vendo
A série é sobre adolescência e muitos adolescentes reais provavelmente vão sentir alguma dessas dores abordadas na história. A questão é: eles entenderam que aquilo é uma piada e está muito mais ligada a uma metáfora do que a literalidade? Quando sentimos ou nos identificamos com algum problema, ainda mais nesta fase tão jovem, pode ser difícil separar as coisas, ou até enxergá-las. O que pode garantir, que uma adolescente ao invés de entender que a magreza e o distúrbio alimentar da protagonista a deixaram mentalmente doente, em busca de um padrão jamais alcançado, pode simplesmente achar que deixar de comer ou perder muito peso te trará sucesso na vida, beleza e te deixará irresistível?
Narrativas depressiativas com pouca filosofia, e má produção costumam ser a receita do fracasso. Menos a oferecer do que gostaríamos, Isatiable não nos satisfaz.
Esta colunista aqui quer esclarecer, antes de encerrar a matéria, que não é a favor ou faz qualquer tipo de apologia ao preconceito, seja lá em qualquer forma. Sou apenas crítica da obra e caso alguém tenha se ofendido com a série: é justo, pois as dores de um indivíduo são pessoais de acordo com sua história e jamais alguém deve desmerecê-la (inclusive não deixem que o façam). Até a próxima crítica (polêmica!).