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07 coisas que um típico natalense já aprendeu sobre chuvas

Pedro, 20 recém completados, acordou cedinho hoje, como todo santo dia o faz. Estava feliz porque afinal era seu aniversário e ele gosta muito de aniversários. Levantou, escovou os dentes, pegou uma banana para comer no ônibus no caminho para a faculdade, pôs os livros e o caderno na mochila e se foi, lépido e faceiro. Resolvemos acompanhar o dia em que tudo que Pedro queria era se encharcar de alegria, mas se encharcou de água suja mesmo.

1. A saga de uma balsa… ops, ônibus num dia de chuva

Pedro não pegou um coletivo, ele pegou uma balsa. Seja de ônibus ou de carro particular, quem depende de algum transporte para realizar seus afazeres sabe a luta que é um dia de chuva em Natal. Alaga rápido, muito rápido. Fruto da ocupação desordenada de uma área de dunas junto à eterna incapacidade do poder público de realizar ou concluir obras de prevenção a enchentes. Pedro, coitado, ficou ilhado no ônibus e teve que ser resgatado de bote (!!)

2. Em dia com o atraso e com as poças

Chegou atrasado na faculdade e depois no estágio. Não bastasse toda sua luta para acordar cedo e esperar o 83 que não passa nunca, nosso aniversariante perdeu os dois primeiros horários de aula e chegou uma hora atrasado no estágio. Mas também quem não chega atrasado quando depende do 83 ou do 66? Ainda bem que não foi só ele, né? O professor colocou falta mesmo assim.

3. Hora de tirar o casaco, bota e cachecol do armário

Ele levava um casaco, como todo bom natalense. Para nós, qualquer friozinho de 23 graus já é motivo para tirar aquele moletom da gaveta. Pedro disse que usar moletom hoje é o fluxo!

4. A chuva deu uma trégua, mas morgou o rolé de todos

A chuva deu uma trégua… mas mesmo assim ele perdeu o rolé do aniversário. Todos os rolés de Natal são automaticamente remarcados ao primeiro sinal de tempo ruim. Também pudera, tem até a história de um bar massa aqui da cidade – que já fechou, evidentemente – que passou um mês sem nenhum cliente porque achava que não compensava alugar tenda pros coitados dos amigos de Pedro. Aí nem São Pedro ajuda.

5. O guarda-chuva perdido/esquecido

Na parada do Midway um cara saltou do ônibus e imediatamente já foi gritando: “chegou guarda chuva, capa e goiabinha”. Do outro lado da rua, outro cara também entoou a mesma cantoria: “goiabinha, capa e guarda-chuva”. Um terceiro boy passou em um coletivo cantando e dançando com sua sombrinha colorida aberta enquanto a Mary Poppins, do alto da passarela da Bernardo Vieira saltava com o seu visual característico. É assim que começa um musical em Natal, guys. Vendedores de guarda-chuva simplesmente brotam do nada. Pedro comprou um e o perdeu antes de poder usá-lo.

6. Cidade caótica e sem energia

Árvores caem, o que não é lá muita novidade em se tratando de Natal. O problema é que elas levam junto a fiação e, além do risco da queda sobre carros, casas e pessoas, e de choque elétrico, deixam áreas inteiras sem energia. Pense nuns 20 anos sem futuro esse de Pedro. Com tudo apagado, passou muito tempo no congestionamento e até o episódio de Hora da Aventura ele perdeu hoje.

7. E as casas invadidas ou levadas pela água da chuva?

Ele está de parabéns não só pelos 20 anos, mas porque é nordestino, é de raça. Só com muita batalha para ser vencedor e conquistar o pouco que tem, mesmo diante das dificuldades. Mesmo assim, Pedro não conseguiu dormir direito, pois não parava de pensar nas famílias que tiveram suas casas invadidas pelas águas. Em outras chuvas, ruas inteiras foram levadas. Até quando?
No fim tudo que temos a dizer é: por favor, não tirem o sono e os sonhos de Pedro.

3 thoughts on “07 coisas que um típico natalense já aprendeu sobre chuvas”

  1. Texto interessante, retratando a realidade não só do Pedro, mas do Igor e de tantos outros que sofrem com a ignorância de outras pessoas e o descaso dos nossos gestores. Gostei, leitura objetiva e ao mesmo tempo gostosa de ler.

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