Que eu ando sem paciência para nada, e, principalmente, pra tudo. Ainda bem que ele sabe.
Ainda bem que ele sabe que eu sofro, e os porquês. Ainda bem que ele sabe das minhas tampas em cima dos passados, em cima dos meus defeitos, e sabe mais ainda que os defeitos escapam e estão gritando por aí, enchendo os ouvidos dele. De mim. Ainda bem que ele vai se enchendo de mim, no sentido bom que isso possa ter.
Ainda bem que ele sabe que eu mordo, que meus calos são grandes, qualquer sapato aperta com facilidade. E eu saio dando mordidas ou me fingindo de morta. Ainda bem que ele sabe que me finjo de morta e que me encho de ódio às vezes, mesmo achando isso feio. Acho feio muita coisa. Faço muita coisa feia. Ele sabe.
Ainda bem que ele sabe dos meus pecados. E sabe que eu sinto inveja, eu digo a ele que sinto, nas vezes que sinto, às vezes eu sinto. Inveja. Ainda bem que ele sabe que eu sinto preguiça, e sabe mais que quando eu não a sinto, é difícil de me acompanhar. Ele espera. Espera que eu volte. Ainda bem que ele sabe que eu volto todas as vezes.
Eu sei. Que não quero que ele vá. Ele que sabe de mim.
Ps. Prosa poética do livro “Aos Pedaços, Com Tudo” da Beatriz Madruga. Você pode baixar ele aqui.