A década de 90 foi um marco e, continua sendo, para toda a cultura pop. Foi nessa década que os tabloides explodiram e exploraram com ferocidade as celebridades da época, fazendo escola para o mundo e criando o cenário que nós conhecemos hoje, onde cada passo, acerto e falha dos famosos são acompanhados por olhos atentos dos paparazzis e, por consequência, do grande público; Pamela Anderson e Tommy Lee são as primeiras grandes vítimas de toda essa nova cena. Por azar ou sorte, o boom do casal veio no mesmo momento da popularização da internet, ambiente perfeito para catapultar a “perseguição” dos famosos a níveis estratosféricos. E é nesse amontoado de acontecimentos da década, envoltos ao caos do casal título, que a série Pam e Tommy mergulha.
A princípio é natural que ao assistir Pam e Tommy o público se pergunte se é tão necessário o detalhamento do cenário histórico dos anos 90 e suas particularidades. Mas, a verdade é que a série deixa claro logo no início que o compromisso da história não é com o casal Pamela Anderson e Tommy Lee, mas com todo o cenário de caos do showbiz norte-americano, as infâmias dos veículos de celebridades e o total descontrole dos artistas com suas imagens. Pam e Tommy figuram apenas como exemplos máximos.
Toda essa narrativa de descontrole fica clara através da idolatria de Pamela Anderson com a Jane Fonda, atriz a qual deseja seguir os passos. A série da Star Plus se inicia com Pam atolada em gravações de “Baywatch”, onde a câmera olha cautelosamente para seu corpo no icônico maiô vermelho. O desejo de um rebranding faz com que ela encontre uma nova publicitária e o seu objetivo é ser uma nova Fonda: “Quando ela começou, ela era apenas uma garota no fundo, e então ela fez ‘Barbarella’ e se tornou um grande símbolo sexual. Mas, ela mudou e começou a fazer todos esses papéis sérios no Oscar.” Pam passeia por mais algumas histórias de Fonda como atriz e ativista enquanto a história segue, “Ela era todas essas coisas totalmente opostas, tudo ao mesmo tempo”.
Infelizmente Anderson não teve o luxo da mudança – em grande parte porque ela perdeu o controle de sua imagem – pelo vazamento de um vídeo de sexo comercializado sem sua autorização. E nesse momento que a história deixa completamente clara os impactos que os tabloides possuem em uma vida, em uma carreira e no destino de algumas figurar públicas. “Pam & Tommy” acessa esses lugares com muita sensibilidade e assertividade.
Pam de James é uma produção que alcança em absoluto tudo que se propõe, tanto de atuação quanto de maquiagem de efeitos especiais. Os dois destaques carregados pela Lily James. E falando sobre caracterização a série escandaliza ao apresentar uma Pamela Anderson que confunde o público entre realidade e ficção. Indubitavelmente necessário para a série, já que o departamento de maquiagem, ao criar uma imagem com tanta precisão, dá a James espaço para subverter e reescrever a narrativa da personagem.
E não se engane – apesar do título duplo, carregando os nomes de Pamela e Tommy – esta série é contada através do olhar de Pam. O fantástico desempenho de Stan como Tommy causa impacto na narrativa, mas a história do roqueiro não ultrapassa a de coadjuvante de sua esposa, ele é apenas o seu companheiro de equipe no combate ao escândalo e nada além. Uma série que certamente marca a história da cultura pop, escandaliza mais uma vez e transforma tudo que a gente conhece como sendo produção biográfica.
Confira o trailer:
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Jornalista formado pela UNP – Universidade potiguar – é assessor de imprensa corporativa da Us Comunicação e já escreveu em diversos portais sobre os mais variados assuntos. Hoje escreve sobre sua maior paixão no Apartamento 702, a sétima arte. Venera café, livros, filmes empoeirados, plot twists e hoje protagoniza um spin-off de vida fitness.