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Documentário celebra a trajetória do bailarino e ator potiguar, Zezo

Dizem que Natal é uma cidade sem memória, sem apego aos seus personagens históricos e sem amor próprio,  Para mostrar que isto não é lá tão verdade assim, o ator Wecsley Mariano se aventurou no mundo do audiovisual e lançou no último sábado o  documentário ZEZO – UMA PESSOA SIMPLES, MEU BEM, para celebrar a vida e obra do bailarino e ator potiguar assassinado em 2018.
O documentário  é um recorte de memórias de amigos que relembram momentos ímpares da vida de um artista que é referência no transformismo e figura marcante no teatro e na cena cultural do RN. Além dessas lembranças, o documentário traz cenas shows e um pouco para vida desse artista que nos deixou de forma tão violenta. Zezo Silva foi assassinado no dia 05/10/2018 aos 62 anos de idade.
Wecsley conta que estava muito próximo de Zezo naquele período, por causa de uma série de trabalhos que estavam fazendo, e isso o inspirou a fazer este registro cinematográfico. “Estávamos em temporada de espetáculo em 2018. O processo foi muito intenso. Dramaturgia, direção, cenários, figurinos, adereços e na cena. Zezo já estava na ansiedade de completar setenta anos, mas acabara de completar sessenta e dois. Ali eu percebia que tinha uma história muito interessante para ser contada. Uma história de vida e que se confunde com a arte underground da cidade, mas que transita pela high society também. Até vésperas do seu último dia em vida, Zezo foi figura marcante em eventos na cidade, mas foi nos anos 70 e 80 que teve mais inserção no cenário glamoroso de noite natalense. De gincanas escolares até lançamento de coleção de moda ele foi figura aguardada com as suas performances. Zezo é figura presente no imaginário de muitos potiguares, que lotavam sessões de teatro, que o veneravam quando o encontravam na rua”, comenta Wescley.
“Desde 2005 comecei a conviver com ele mais de perto, mas antes disso já existia em mim um respeito imenso, primeiramente, pela simplicidade ao se relacionar com todo mundo de igual para igual. Sempre colaborou como pode na vida e no surgimento de muito artistas de diversos seguimentos, mas em especial, no teatro e na dança. Esse enredo por si só já era muito bacana de ser traduzido para alguma linguagem, principalmente, para o audiovisual. Eu meio que já estava com planos de começar a registrar em câmera escondida, alguns momentos de bastidores, momentos na casa dele e assim, poder lançar esse material na festa de seus 70 e em seguida, transformar isso em algo mais pretensioso. Mas infelizmente não foi possível. O que deveria ser um primeiro momento, meio que foi o último também. Que são as cenas em Clenor júnior, Zezo ao ver uma jangada no mar resolvemos brincar nela e decidimos então filmar e fotografar naquele lugar mágico em Icaraí de Amontada no Ceará. Coincidentemente, naquele dia, a equipe contratante da Cia. Teatral Monicreques, resolve também filmar o espetáculo Saga de jangadeiros e mais uma vez, passo a ter em mãos, mais um tesouro sobre este artista. E assim, quando saiu o edital da Lei Aldir Blanc Natal, não pensei duas vezes que esse seria um momento bacana para contar de alguma forma um pouco dessa história que estava guardada dentro de mim”, completa Wescley.
“Contar a nossa história é muito importante. Ela a cada dia cai mais no esquecimento. Acho que boa parte das nossas personalidades que tem algo bacana a ser registrado, isso tem a ver com a política. Para não dizer e já dizendo mesmo, da politicagem. As pessoas que são lembradas, são em sua grande maioria pessoas que não tem legado algum para nós. Isso mudou um pouco quando Jornalistas como Sheyla Azevedo, Rafael Duarte e mais alguns outras pessoas começam a escrever biografias sobre Jesiel Figueiredo, Newton, Navarro, Carlos Alexandre e outros… Quando Thiago Medeiros e em seguida Eliene Albuquerque começam a personificar as suas maneiras a vida e obra de Zila Mamede, a gente começa a ter documentos contemporâneos sobre figuras que fizeram dos seus modos um diferencial na cena potiguar. Isso me impulsiona a querer contar ao meu modo histórias de vidas muitas delas passam por nos feito agua de esgoto, mas são vidas e que em algum momento e aos seus modos transformam a nós e aos nossos olhos”, declara.
“Esse é o meu primeiro trabalho enquanto direção e no roteiro, mas já colaborei com alguns trabalhos para esse seguimento na produção, no elenco, na elaboração de projeto, mas numa concepção do início ao fim foi a primeira vez. Já estou com outro projeto em andamento. Quero logo mais contar a história de mais algumas pessoas que caíram no esquecimento da nossa sociedade, mas pretendo fazer uma série de vídeo performance inspirado em trabalhos de autores locais (ou não) mas que me acompanham ao longo dos meus quase trinta anos de vida artística aqui em Natal”, anuncia Wescley.
Zezo
José Raimundo da Silva, popularmente conhecido como Zezo, nasceu em 09/06/1956. Atuou profissionalmente como bailarino e ator ao lado de grandes nomes do teatro norte-rio-grandense, como o diretor Jesiel Figueiredo e o coreógrafo Roosevelt Pimenta.
Wecsley Mariano
Wecsley Mariano começou a fazer teatro em 1993 na Cidade da Esperança, sempre inquieto, com olhar pesquisador, transitou pelas danças populares, pelo circo, mas evidenciou seu trabalho a partir da Cia. Barraco de Teatro, que surgiu em 1998 após algumas vivências com o Diretor Amir Haddad, também participou de For All – O Trampolim da Vitória (primeiro contato com o audiovisual) em 1996, também tem uma passagem de ida e vindas com a Cia Teatral Monicreques, além de ser figura cativa em diversos eventos na cidade. Além disso, Já foi gestor da Fundação José Augusto por duas Gestões e naquela instituição tem apreço pela Revista Preá e o Festival Agosto da Alegria. Atualmente, tem a Mr. Gentleman Barbearia, onde funciona também o seu Espaço do Mar. Um acervo de livros, discos de vinil e que nos períodos que antecedem o carnaval vira o seu ateliê de adereços e acessórios carnavalescos.

Assista aqui:

 

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