Após cinco dias de programação e cerca de 30 horas de atividades, o Festival Casa Tomada (8ª Edição da Mostra Casa Tomada) encerra sua programação com saldo positivo de fortalecer a produção independente do Rio Grande do Norte. Com o sucesso desta edição, os organizadores já preparam novidades para o segundo semestre.
Sob o conceito “Dança Caseira”, o festival apresentou uma programação diversa contendo oficinas, residência artística, mostra de processos, bate-papos, performances, videoartes, videodanças, além de um pocket show musical.
“A edição Dança Caseira foi a primeira edição do Festival Casa Tomada que contou com patrocínio direto. Todas as outras sete edições aconteceram de modo independente, com recursos do Coletivo CIDA, da Casa Tomada e dos artistas participantes. Para nós, ter sido contemplados na Lei Aldir Blanc e ter contado com nossos apoiadores, foi crucial para atingir um público mais expressivo, e principalmente com a qualidade de execução que obtivemos”, comenta René Loui, um dos organizadores do Festival.
“Percebemos um grande avanço enquanto produção. A pequena mostra realmente se transformou em um grande festival. Sabemos que os artistas participantes também puderam sentir esse avanço. Tivemos devolutivas incríveis, tanto ao que se referem aos artistas selecionados, quanto aos artistas que participaram das ações formativas. Impactamos diretamente as cinco regiões do Brasil e ainda muitos outros países ao redor do mundo com nossas oficinas, residência artística, exibições e bate-papos. Isso demonstra que essa edição virtual nos trouxe uma nova ferramenta de acesso. Estamos falando de inúmeros artistas e/ou amantes das artes, que puderam ter contato pela primeira vez, direto de suas casas, com os processos criativos, as metodologias e as obras de artistas norte-rio-grandenses. Sempre de modo acessível”, completa René.
Para o artista Pablo Vieira da Sociedade T, o Festival Casa Tomada foi uma oportunidade para apresentar seu trabalho, como também para estabelecer uma conexão com o público. “No Festival Casa Tomada eu tive a oportunidade de ministrar uma oficina e apresentar um trabalho em vídeo, ambas atividades que me instigaram bastante, pois pude me relacionar com um público novo, dialogando com artistas de outros estados e a cena local. Mesmo sendo online, havia uma expectativa gostosa de vermos os trabalhos, isso aproximou o público que ficava dialogando no chat do YouTube. Achei a organização muito articulada ao pensar nessas atividades todas e maneira de distribuição da programação. A divulgação estava linda. A equipe inteira estava muito afinada, o que contribuiu para que o festival tivesse essa energia de conexão”, comenta Pablo.
“O festival foi um sucesso! Conseguimos cumprir com nosso objetivo de levar ao público um evento virtual e acessível (LIBRAS). É muito gratificante receber devolutivas positivas tanto dos artistas participantes do festival, assim como do público em geral que foi muito participativo. Isso mostra que o festival está indo pelo caminho certo e que se consagra como mais um Festival de Dança do RN”, avalia Arthur Moura, um dos organizadores.
“Realizar eventos e ações formativas acessíveis, assim como possibilitar a tradução de espetáculos por meio de ferramentas comunicacionais é uma vontade que acompanha o coletivo CIDA desde sua criação e que agora se torna possível. Diante disso, temos muito orgulho de sermos o primeiro festival de dança do Rio Grande do Norte acessível. Continuaremos nos esforçando para que mais e mais edições nessa perspectiva acessível sejam realizadas”, completa Arthur.
Lei Aldir Blanc e seu papel fundamental na realização do evento
O Festival Casa Tomada é uma iniciativa do Coletivo Independente Dependente de Artistas (CIDA) executada com recursos da Lei Aldir Blanc – Rio Grande do Norte, por meio da Fundação José Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. Assim como diversas ações desenvolvidas no estado e no país, o patrocínio através da Lei exerce um papel fundamental na realização do festival.
“Foi não só através do Edital de Cultura Potiguar, que foi responsável pela verba principal para realização do Festival, como também de todos os outros editais da Lei Aldir Blanc aos quais tivemos nossas propostas contempladas, que implementamos melhorias em nossa estrutura física, como também, aquisição de equipamentos que permitiram a realização de acessibilidade comunicacional e até mesmo reforma em nosso escritório. Tudo isso foi de extrema importância para que na hora da execução do Festival Casa Tomada pudéssemos ter melhores condições de trabalho e consequentemente uma melhor realização do Festival”, declara René.
“Enquanto artista e produtor cultural, preciso pensar constantemente em maneiras de realizar ações que valorizem, em primeiro lugar a produção de arte com a qual me relaciono diretamente, neste caso a dança. Preciso também pensar em maneiras que valorizam não somente o meu, mas também o trabalho de todos os artistas e profissionais envolvidos. Nós, no Coletivo CIDA, primamos pelo desenvolvimento de ações artísticas e culturais que forneçam qualidade de trabalho, acessibilidade, bem estar e satisfação para todos os envolvidos. Fazemos para os demais artistas convidados o que desejamos que outros produtores/ artistas façam conosco. Esse é um bom princípio que tivemos a possibilidade de implementar em sua totalidade neste festival graças a Lei Aldir Blanc”, completa o artista.
Desdobramentos
O Festival Casa Tomada foi recentemente aprovado no Programa Cultural Djalma Maranhão. Essa nova edição encontra-se em fase de captação e está prevista para ser realizada no segundo semestre de 2021.
O Coletivo CIDA está trabalhando freneticamente para realizar em breve, uma “edição de bolso” do Festival Casa Tomada, que contará com uma programação 100% CIDA, formada pelos projetos do Coletivo aprovados na Lei Aldir Blanc que ainda não foram lançados.
Na programação já estão confirmados: o lançamento da obra audiovisual PROTOCOLOS PANDÊMICOS DE DANÇA – com Interlocução Dramatúrgica e Coreográfica de Alejandro Ahmed (SC) e assinatura do Coletivo CIDA, além do lançamento do espetáculo CORPO TURVO, novo solo de René Loui com Colaboração Coreográfica de Jussara Belchior (SC) e Sonorizaçao de Fabian Avilla (México). A programação contará também com o lançamento do livro acessível Dança, Residências Artísticas e Composição em Tempo Real, de René Loui. E ainda com o lançamento da versão virtual e acessível do espetáculo ESTADO TRANSITÓRIO.
FESTIVAL CASA TOMADA EM NÚMEROS:
30 horas de programação distribuídas em 5 dias
07 Ações Formativas
09 Obras exibidas de maneira acessível
05 Cafés com Dança
01 Residência Artística internacional
01 Pocket de Show de encerramento
Aproximadamente 30 artistas e técnicos envolvidos diretamente no Festival
Mais de 5 mil visualizações do Festival Casa Tomada no YouTube e mais de 47 mil impressões nas redes sociais do Coletivo CIDA.
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Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.