Lá no primeiro semestre do ano comecei a observar o surgimento de fotos de várias famosas sem maquiagem, e sim, alguns de seus “fãs” se espantaram por perceber nos seus ícones, apenas pessoas de carne, osso e defeitos.
É impressionante o quanto endeusamos alguém a ponto de julgar erroneamente que este não tem uma mancha na pele, ou um temperamento difícil, ou não é um ser humano comum e cheio de problemas como você.
Aqueles comentários caíram como um tornado nas minhas reflexões e, então, em abril, postei fotos minhas sem maquiagem no meu facebook pessoal. Nessa época, eu ainda não fazia parte do blog.
Parece que pôr aquela atriz/cantora num pedestal e vê-la sempre muito bem arrumada, te impulsiona a almejar o mesmo e te faz associar a necessidade de estar sempre maquiada para se sentir bonita.
Tudo decorre de vivermos em uma sociedade que repudia a imperfeição. Mesmo sabendo que somos todos imperfeitos em vários aspectos, somos doutrinados desde cedo a esconder qualquer detalhe fora do padrão. Seja no temperamento ou na aparência física, aprendemos a sempre pôr uma maquiagem, e um sorriso falso no rosto.
Motivada pelos mesmos questionamentos que os meus, e ainda pondo os padrões de beleza em enfoque, a escritora britânica Robin Rice lançou o projeto “Stop the beauty madness” (Parem com a loucura da beleza). No site do projeto, a primeira frase que podemos ler é “Chega de padrões impossíveis”.
Robin começou criando uma série de anúncios para chocar ao mostrar o que existe por trás das tradicionais campanhas publicitárias. Segue o link do instagram do projeto.
Para demonstrar o apoio a essa mudança de paradigma algumas famosas e muitas anônimas resolveram dar a cara à tapa, ou melhor, a sua cara limpa mesmo, sem maquiagem e sem filtro. Muito mais que um modismo das redes sociais, o projeto é sério e vem de uma reflexão necessária na nossa sociedade atual.
Outro desafio similar que também impulsou a mesma tendência começou no Reino Unido, em setembro de 2013, com o nome de “#NoMakeUpSelfie” (#SelfieSemMaquiagem). Quando a empresa de produtos de beleza “Escentual” lançou uma campanha mundial chamada “Dare To Bare” (algo como “Ouse Se Expor”), visando arrecadar dinheiro e alertar as mulheres para o exame do câncer de mama.
Não sei exatamente quais desses projetos culminou no nosso brasileiro, possivelmente uma junção deles. Mas fato que não é à toa que tantos projetos, desafios e textos estão surgindo com o mesmo intuito e ideais similares. As mulheres (e me incluo nesse grupo) estão decididas a derrubar os paradigmas estéticos estipulados pela sociedade.
Fiquei muito feliz ao perceber que essa reflexão em forma de desafio #caralimpa chegou aqui em Natal. Já vi algumas na minha timeline e como um dos intuitos é propagar desafiando outras pessoas, se preparem para começar a ver nas suas também, pois a tendência é aumentar. Meu único desafio é fazer vocês reconheceram que a beleza está na imperfeição e na diversidade.
“Acima de tudo, chega da sensação de NÃO É O BASTANTE quando se trata de sua própria beleza” (citação do site do projeto “Stop theBeautyMadness”).
OBS: Segue minha humilde colaboração, com algumas marcas de espinha, uma leve olheira que normalmente é bem pior, e com cabelo molhado de quem acabou de voltar da academia: esta sou eu.
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Publicitária formada pela UFRN, Master Jedi em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pela ESPM, Head of Marketing and Branding na ESIG Group e Sócia Administradora do blog regional Apartamento 702. Comunicóloga, cinéfila, intolerante a lactose e a seres humanos antivacina, metida a blogueira nas horas vagas.
Gostei do texto! Só que não consigo tirar foto de cara limpa. Apesar de não usar muita maquiagem, em fotos sempre preciso dar uma arrumadinha aqui ou ali. Cara limpa é difícil para mulheres com mas de 30…
Primeiro agradeço o elogio, e segundo você só tem esse pensamento que é difícil para mulheres depois dos 30 saírem de cara limpa por “mandamentos/imposições” passadas pela sociedade desde que nascemos. A campanha stop beauty madness também fala sobre a idade, e sobre o não problema de ter uma ruguinha aqui e ali. Mas claro, somos vaidosas e eu também me estresso com minhas olheiras, mas quem disse que eu precisava me estressar? tudo convenções de anos.