Você sabia que em Natal tem uma Ong que luta pelo uso da cannabis medicinal? Criada em meados de 2017, a ONG potiguar Reconstruir Cannabis surgiu com o intuito de reconstruir vidas a partir do uso da cannabis medicinal. A ONG já tratou 58 pacientes com o óleo de cannabis e aguarda uma autorização judicial para iniciar suas operações de forma legal.
A história da ONG começou a dar seus primeiros passos em 2010, quando a mãe de um dos diretores da entidade chegou a um estágio avançado de Mal de Parkinson, o que comprometeu sua fala, movimentos e raciocínio. Com a matriarca da família em situação delicada, seu filho a encorajou a fazer uso da Cannabis, pois os tratamentos tradicionais não surtiam mais efeito. Em questão de segundos a vida dela mudou, e passados poucos meses, a matriarca da família passou a levar uma vida normal, com a Cannabis como único remédio utilizado, dispensando os fármacos tradicionais.
Após sete anos medicando sua mãe na clandestinidade, em 2017 a justiça autorizou pela primeira vez no Brasil, o cultivo de Cannabis para o tratamento do Mal de Parkinson, com a proteção jurídica de um habeas corpus. Parte do óleo foi encaminhada para análise no Instituto do Cérebro (UFRN), servindo de insumo para pesquisas, com sua qualidade sendo atestada pela instituição.
Com essa liberação, a ONG começou a ganhar corpo, ano passado os dirigentes entraram com um pedido de licença para garantir a liberação para operar legalmente o que viabilizaria uma quantidade ainda maior de pessoas atendidas e de pesquisas científicas realizadas pela universidade. A Reconstruir tem 88 associados e cerca de 200 pessoas aguardando uma prescrição médica para entrar na fila de espera.
Após reuniões no Ministério Público Federal, que foram fundamentais para explicar a complexidade do projeto, a Reconstuir Entretanto apesar do parecer favorável do MPF, a Reconstruir ainda aguarda a decisão do juiz, e já teve o pedido negado uma vez.A outra parte ouvida no processo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA ), ainda não regulamentou o cultivo de Cannabis para fins medicinais, e ainda assim apresentou um parecer contrário ao funcionamento da ONG. De acordo com os dirigentes da ONG, a ANVISA exige uma estrutura de funcionamento complexa, o que se torna inviável manter para uma associação que está embargada pela justiça (entre outras coisas, possuir um carro-forte próprio para transporte do medicamento).
Para quem não sabe, a o THC presente na cannabis atua no sistema nervoso central e além do efeito estimulante e psicoativo, também resulta em sensações analgésicas, prevenindo náuseas e vômitos, e aumentando o apetite. Medicamentos com essa substância têm sido prescritos para controlar vômitos durante a quimioterapia.
O canabidiol (CBD), outra substância presente na maconha, é depressor do sistema nervoso central e causa efeitos anticonvulsivos, ansiolíticos, analgésicos e anti-inflamatório, sendo indicado para tratamentos de epilepsia, esquizofrenia e esclerose múltipla.
No Brasil, 39 famílias já plantam legalmente para combater as mais variadas patologias, enquanto o remédio importado Mevatyl, a base de Cannabis, já autorizado pela ANVISA, chega ao valor de R$2.800,00. Enquanto isso, o Planalto rejeita a proposta da ANVISA de regulamentação da Cannabis, e o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) são contra as iniciativas de cultivo nacional para fins medicinais e de pesquisa, acenando positivamente apenas para os remédios importados da indústria farmacêutica – que vão onerar ainda mais o SUS.
Quem quiser acompanhar o trabalho da Reconstruir pode acessar o instagram deles @reconstruircannabis, e ficadica que nos dias 10 e 11 de agosto acontece o 1º Delta9COM e a regulamentação dos derivados da cannabis estará em pauta. Saiba mais aqui
Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.