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A modelo “plus size” e sociedade que te considera fora dos padrões de beleza

Tudo começou quando fui bombardeada por notícias de uma modelo teoricamente plus size que era mais magra que eu. Para mim ela só era uma mulher com um corpo normal, com peito, bunda e um pouco de gordurinha.

Mas então aquela noticia tornaria tudo oficial. É isso, vivo numa sociedade onde ter um corpo “normal” já é considerado “ser gorda”.

Respirei, e repeti que não era uma pessoa facilmente influenciável pelos critérios arbitrários da sociedade da beleza. Não percebi, mas foi ali mesmo que fui picada pela insegurança.

Na mesma semana sai para comprar uma calça jeans, peça do vestuário que mais abomino. Motivo? Considero que tenho coxas desproporcionais e fico repentinamente frustrada com as calças que não cabem em mim e tenho que trocar por um tamanho maior.

44, era isso que eu era, 44, era isso que eu tinha me tornado, 44, repetia na minha cabeça incansavelmente esse número como se fosse uma limitação do que sou.

Para agravar a situação, parecia que todas as mulheres próximas a mim estavam de dieta, e quando eu dizia que não estava, existia um olhar intimidador que ordenava entrar na seita de alguma dieta louca que se baseie em fases da lua ou comer só carboidratos.

O universo achou pouco e jogou na minha mesa um convite para o concurso de Miss, o que mais me parecia uma invocação divina que deveria emagrecer.

Então, foi assim, e com outros milhares de detalhes cotidianos, que nasceu a insegurança com meu corpo, a necessidade que precisava emagrecer e os olhos questionadores no espelho por não ter o corpo dos meus 15 anos.

Cogitei em alguns dias várias saídas mirabolantes para perder alguns quilos até que cheguei à conclusão do quão bom era não ter meu corpo de 15 anos.

Se eu tivesse meu corpo de 15 anos, talvez tivesse também minha cabeça daquela época, e me importaria mais com coisas supérfluas e com que roupa iria sair. Não entenderia as marcas que meu corpo carrega hoje em dia e os acontecimentos que acarretaram todas elas.

Talvez priorizasse mais os corpos dos outros do que o que eles têm dentro.

O fato é, estava muito bem comigo mesma antes de ser afetada por fatores externos, estava feliz com minha barriguinha marcada, com alguns quilos a mais.

Estava tentando manter meu trabalho, minha faculdade, este blog, uma relação com meus amigos e minha família e minha sanidade (confesso, esse último já desisti de tentar manter).

Estava bem mais ocupada com essas prioridades do que com precisar emagrecer 3kg.

Não vão concluindo que não prezo pela saúde, hábitos saudáveis são importantes, mas não vou retirar meu chocolate e meu bacon por uma imposição da sociedade.

Não vou concluir que uma gordinha não tem hábitos saudáveis e vamos ver a vida mais como uma propaganda da Dove porque eu não sei o que a de errado em ver beleza em si.

 

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