A designer de joias e artista visual potiguar Stéphanie Moreira realiza no próximo sábado (14), a exposição “Arte Sacra: Joias de Orixá” no município de Ceará-Mirim. Na exposição, as joias e objetos de arte estarão à mostra, com entrada gratuita, para a apreciação da comunidade do terreiro, escolas, comunidade quilombola e do entorno.
Resultado do desdobramento do processo criativo da coleção “Arte Sacra: Joias de Orixá”, contemplada pelo edital Re-farm Cria 2023 e pelo Edital de Seleção de Projetos Multiculturais da Lei Paulo Gustavo n.º 02/2023, a exposição tem como objetivo dar visibilidade ao povo de santo e seus adornos tradicionais, desmistificando o preconceito em torno das simbologias sagradas das religiões de matriz africana e enfrentando o racismo estético e cultural.
A artista Stéphanie Moreira explica que o projeto representa um momento importante de sua carreira criativa. “O Lab Criativo NC tem sido um espaço de respiro e proteção para minha mente inquieta em relação às estéticas afro-potiguares e à potência artística e política das artes negras no mundo contemporâneo. Estou muito contente por poder fortalecer uma jornada de estudos e trocas dentro da comunidade de arte e axé através deste trabalho.”
Dentre as peças que se destacam está “Eketé de Ogum” (foto) — desafiadora, intrigante, trabalhosa, mas que carrega simplicidade. Ela foi elaborada a partir de malhas de arame galvanizado, garimpadas em um ferro-velho nos arredores de Natal e recuperadas da ferrugem.
Stéphanie conta que o processo criativo foi construído a partir de visitas a museus ao longo de três anos. “Primeiro, fiz visitas a alguns museus, especialmente ao Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e ao Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México.”
“A partir disso, desenvolvi uma profunda pesquisa sobre as joalherias tradicionais dos povos originários e suas simbologias em relação às hierarquias sociais e outras questões. Além disso, as consultorias nos Ilês trouxeram vários elementos fundamentais para a produção das peças. Depois, tudo se transforma em desenhos, e então passamos para a curadoria de materiais. Utilizamos metais, materiais orgânicos, couro e elementos de suporte, como pedrarias, cristais e miçangas”, explica a artista.
A exposição teve sua primeira mostra em Parnamirim e agora segue para o Ilê Axé Jitaloyá, em Ceará-Mirim. A abertura será realizada às 11h. Logo após, às 15h, haverá uma apresentação artístico-cultural, e às 15h30 ocorrerá uma roda de conversa com a artista. O fechamento da mostra está previsto para às 18h.
A exposição “Arte Sacra: Joias de Orixá” é realizada por meio da Lei Paulo Gustavo, com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Conta também com o apoio da Casa Afropoty e do Re-farm Cria 2023. Mais informações podem ser acompanhadas pelo perfil do Laboratório Criativo Negro Charme no Instagram: @negrocharme.nc.
Sobre Stéphanie Moreira
Mulher preta potiguar, mãe, capoeirista e candomblecista. Atua há mais de 10 anos como empreendedora cultural no Nordeste brasileiro. É antropóloga, doutora em Estudos Étnicos e Africanos pelo Pós Afro/UFBA. Fundou o Laboratório Negro Charme em 2011, espaço criativo que fomenta a intersecção entre moda, arte e identidade. Desde 2017 atua como gestora de projetos criativos de impacto social através do Flor de Milho Quilombo de Artes, e lidera a Casa Afropoty, um hub de afroempreendedorismo formado por pesquisadores artistas interessados nas culturas afro potiguares e afro-brasileiras.
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Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.