O poeta potiguar, Thiago Medeiros, lançou recentemente seu quarto livro de poemas intitulado “Quanto mar cabe no sal da lágrima”. O livro passeia por temas como saudade, desespero e esperança, e foi criado em meio à pandemia da covid19.
“Quanto mar cabe no sal da lágrima” é a primeira publicação do autor viabilizada por incentivo público, essa é a décima obra do selo independente insurgências poéticas. O trabalho fomenta a parceria do poeta com equipe que já o acompanha nos títulos anteriores, Rita Machado direção de arte, Creeaty arte da capa e Luiz Renato Almeida orelha, além de textos da poeta baiana Daniela Galdino e Jean Sartief. A obra foi contemplada na lei emergencial Aldir Blanc, através da Prefeitura Municipal do Natal, Funcarte e Governo Federal.
Aproveitamos o momento para conversar um pouco com o autor e saber mais sobre o livro, as parcerias e os desafios de criar um livro de poemas neste contexto de pandemia. Se ligaí:
Este seu novo livro foi feito em meio a pandemia, como foi esse processo de escrita?
Foi um processo dolorido. Perdi um primo pelas complicações da covid19, não consegui abraçar minha família, meus amigos. Em um momento eu fiquei paralisado, meio perdido em tanto caos, mas a palavra (mais uma vez) me salvou, assim como a arte salvou tantas pessoas durante esse período. Confesso que não planejava publicar outra obra em menos de seis meses, mas há muita urgência neste tempo e eis: quanto mar cabe no sal da lágrima, que contou com patrocínio da lei emergencial Aldir Blanc, Prefeitura Municipal do Natal e Governo Federal.
– Como vc se sente colocando mais esse pedaço de si no mundo?
Buscando um pequeno espaço de alegria em meio a devastação, quando partilho com o mundo alguma obra seja no teatro ou na literatura me sinto muito exposto, é como se estivesse só a armação e o público fosse recobrindo os ossos. É uma transformação. Com esse trabalho em específico desejo um abraço em quem estiver com ele nas mãos ou por perto. Que o sal seja um pouco de remédio para as dores e cicatrizes da saudade que esse momento nos trouxe.
– Este livro tem textos da baiana Daniela Galdino e Jean Sartief, como se deu o convite e como vc se sente em contar com essas colaborações?
Todos os encontros que a arte me trouxe e traz é uma dádiva, um descanso na loucura. Fico emocionado quando alguém acredita e aposta em meu trabalho, é assim com os trabalhos anteriores que contou com a generosidade e investimento de tantas pessoas queridas e outras desconhecidas e é assim com o quanto mar que fortalece uma equipe tão incrível de criação com direção de arte de Rita Machado, capa de Creeaty e texto de Luiz Renato Almeida um trio que me acompanha desde 2018. Jean Sartief foi um dos primeiros poetos brasileiros do RN que li, saindo da adolescência é uma honra e uma generosidade sem tamanho dele em fazer parte deste trabalho, de um poeto jovem como eu. Daniela Galdino eu conheci quando lançou seu livro em uma das edições do Sarau Insurgências Poéticas aqui em Natal, nossas artes nos aproximou e fortaleceu uma amizade e admiração mútuas. Me sinto honrado e feliz em criar e trocar com pessoas que eu admiro não só como trabalhadores artistas, mas como seres humanos.
– Está é a décima obra do selo independente insurgências poéticas, ao mesmo tempo que a gente sabe das dificuldades de produzir literatura no estado e no país, bate uma alegria em ver o fortalecimento do selo?
Demais! Em meio a tantas dificuldades, sobretudo, invisibilização e falta de investimento, poder sonhar é dádiva das maiores. Essas publicações são fruto de um trabalho coletivo que eu, Marina, Michelle, Carla, Canniggia, Raquel e tantas outras pessoas incríveis que acreditam em nós e em nossos trabalhos. Inclusive esse generoso espaço do Apartamento 702 e de outros blogs e jornais que fazem nosso trabalho circular entre outros públicos que não chegamos. Tentamos, minimamente, desmistificar a máxima que “em Natal um paga 200 para que um outro não ganhe 20”, o selo e o sarau são feitos através de esforços, desejos e sonhos coletivos e essa é uma das maiores alegrias que podemos ter. Gratidão a todes que fortalecem o nosso trabalho.
– Onde o público pode comprar o livro?
Até sexta-feira 19 de fevereiro o livro está com desconto de 15% para aquisições através do site
insurgenciaspoeticas.com.br, pelo pix 015.043.704-81 e em vendas físicas no Estúdio Carlota (Candelária) e no Bardallos Comida & Arte (Cidade Alta). Sei do momento delicado que estamos vivendo, economicamente falando, e disponibilizo minhas redes sociais, além dos contatos para os que queiram adquirir o livro e não possam pagar pelo valor possam negociar valores e entregas. Me interessa mais que este trabalho circule entre outras mãos e olhos. Só chamar lá: instagram @preuparardemedoer e facebook Thiago Medeiros.
Foto: Diogo Ferreira
Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.