Nos idos de 1920 já sopravam os primeiros ventos do movimento “Sem Gênero” na moda. Coco Chanel buscou no guarda-roupa masculino as principais referências para criar as primeiras peças que se consagrariam nos guarda-roupas femininos. O conforto, a praticidade e a facilidade que os homens possuíam para se vestir é o principal foco do olhar de Coco. E essa rebeldia e vanguarda na criação ressoa na libertação das mulheres de seus espartilhos, vestimenta tradicional na época e representante da ausência de liberdade feminina do período.
No decorrer das décadas os ventos do movimento “Sem Gênero” continuaram soprando e ganhando força. Um dos grandes responsáveis pelo surgimento do termo genderless e gender bender na moda – fim da barreira entre a roupa masculina e feminina – foi o David Bowie, há mais de quarenta anos, nos anos 70.
Na mesma época outros nomes como Boy George e Freddie Mercury também eram citados por quebrar as regras de gênero e se apropriarem da moda feminina para construção de identidade visual e estilo. Em terras tupiniquins uma das proeminências foi Ney Matogrosso, que choca ao aparecer nos festivais de música brasileira com longas saias, adornado em maquiagem e entoando “menina eu sou é homi”.
É inegável o papel dessas personalidades não apenas como grandes representantes da moda “Sem Gênero” e a popularização do estilo. Mas, como precursores fundamenteis de grandes questionamentos sobre construção de identidade, sexualidade, gênero e a relação indissociável da moda com a política, como veículo e estandarte de luta, resistência e força motriz de mudanças na sociedade.
Apesar do estilo “Sem Gênero” ser assunto constante de veículos especializados em moda e ter sido desfilado por grifes renomadas mundo afora o assunto ainda gera muita discussão e estimulam polêmicas e debates acalorados, sobretudo em esferas mais conservadoras. Afinal, por detrás do movimento, a proposta é lutar contra as discriminações e minimizar preconceitos.
Infelizmente o machismo institucionalizado e arraigado na sociedade faz com que os homens adeptos do movimento recebam críticas mais enfurecidas a cerca do estilo. Inclusive dentro de comunidades que sempre foram mais receptiva a ideias transgressivas e que desafiavam os limiares da autoexpressão.
Segundo Felliphe Matheus, entusiasta do estilo na cidade, a comunidade LGBTQ+ sempre fomentou um preconceito com meninos afeminados e que flertam com a moda “Sem Gênero”. “Eu sou julgado por ser afeminado, que usa roupas femininas e que ainda usa maquiagem, eu já passei por muitos momentos constrangedores no próprio meio LGBT”, contou Felliphe Matheus.
Em tempos obscurecidos pelo conservadorismo a moda “Sem Gênero” ganha novos traços, onde a vanguarda e transgressão se tornam fundamentais para extinção de velhos estigmas e preconceitos. Devendo assim ser valorizada e vista como o sopro de cor na escuridão que insiste em criar abismos entre homens e mulheres.
Para enaltecer os entusiastas da moda “Sem Gênero” de Natal o Aparatamento 702 reuniu alguns dos nomes mais proeminentes do estilo na cidade, que utilizam a moda como forma de bandeira, arte, resistência e luta.
Acompanhe e inspire-se:
Felliphe Matheus
Raphael Dumaresq
Benjamim Almeida
Pedro Monteiro
Rosenilson G. Junior
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Jornalista formado pela UNP – Universidade potiguar – é assessor de imprensa corporativa da Us Comunicação e já escreveu em diversos portais sobre os mais variados assuntos. Hoje escreve sobre sua maior paixão no Apartamento 702, a sétima arte. Venera café, livros, filmes empoeirados, plot twists e hoje protagoniza um spin-off de vida fitness.