Primo Levi, escritor italiano e sobrevivente de um campo de concentração da Segunda Guerra Mundial, escreveu uma frase célebre que foi destacada no Memorial do Holocausto, em Berlim, dizendo: “Foi o que aconteceu, por isso, pode acontecer de novo: essa é a essência do que temos a dizer”.
Não vivemos um holocausto, é verdade. Mas a ditadura militar no Brasil praticou perseguição estatal, torturou e matou muitos cidadãos entre 1964 e 1988. E isso é importante ser lembrado, especialmente nesta época, em que Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou seu relatório final.
Esse documento trata-se do mais completo registro histórico já realizado acerca da ditadura militar instaurada no pais. Foi um período sombrio, onde liberdades individuais foram cerceadas e cidadãos foram vitimados pela ação repressiva do Estado.
Durante os dois anos e sete meses de trabalho, a CNV conseguiu identificar os 434 mortos e desaparecidos ligados diretamente à repressão estatal. As provas desses crimes, colhidas através de documentos oficiais, fotografias e depoimentos, mostram as estratégias de tortura adotadas, bem como as tentativas dos agentes de ocultar ou alterar as condições dos homicídios para que eles parecessem suicídio ou até mesmo legítima defesa.
Vale lembrar que até hoje a Justiça não aceita ações criminais contra os perpetradores desses atos em virtude da Lei de Anistia, promulgada em plena ditadura, em 1979. Detalhe: dos 377 torturadores listados, cerca de 200 ainda estão vivos e provavelmente não serão julgados criminalmente pelos seus atos, muito embora haja recomendação expressa da CNV e de setores da sociedade para que os efeitos dessa lei sejam revistos.
O Apartamento 702 fez um apanhado geral do documento e identificou os 12 potiguares listados como vítimas da ditadura. Suas histórias pouco são bastante diferentes entre si, mas mostram que havia sim muita movimentação política e também muita repressão aqui no estado. Eram camponeses, políticos e até mesmo a esposa de um militante, que foram brutalmente assassinados ou ainda encontram-se desaparecidos depois de terem sido presos pelo regime.
Lembrar é importante para que não aconteça de novo.
São eles:
01. Hiran de Lima Pereira, jornalista, ator e administrador público, filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), nascido em Caicó, em 3/10/1913 e desaparecido em 15/1/1975 em São Paulo (SP).
02. Zoé Lucas de Brito Filho, professor de geografia, corretor no mercado financeiro, filiado à Ação Libertadora Nacional (ALN), nascido em São João do Sabugi, em 17/8/1944, e morto em 28/6/72 em São Paulo (SP).
03. Emmanuel Bezerra dos Santos, Estudante universitário, filiado ao Partido Comunista Revolucionário (PCR), nascido em São Bento do Norte, em 17/06/1947, e morto em 04/09/1973, em São Paulo (SP).
04. Luiz Ignácio Maranhão Filho, Advogado, jornalista e professor, filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), nascido em Natal, em 25/1/1921, e desaparecido em 3/4/1974, em São Paulo (SP).
05. Lígia Maria Salgado Nóbrega, professora, filiada à Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), nascida em Natal em 30/07/1947 e morta em 29/3/1972, no Rio de Janeiro (RJ).
06. José Silton Pinheiro, estudante, filiado ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), nascido em São José de Mipibu, em 31/5/1949 e desaparecido em 29/12/1972, no Rio de Janeiro (RJ).
07. Anatália de Souza Melo Alves, costureira, filiada ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), nascida em Martins, atual Frutuoso Gomes, em 9/7/1945, e morta em 22/1/1973, no estado de Pernambuco.
08. Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa, poeta e jornalista, nascido em 1950 em Caicó e morto em 28/05/1973, em São Paulo (SP).
09. Edson Neves Quaresma, marinheiro, filiado à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), nascido em Apodi em 11/12/1939 e desaparecido em 5/12/1970, São Paulo (SP)
10. Luiz Gonzaga dos Santos, militar, ex-vice-prefeito de Natal e comerciante, nascido em Natal, em 18/6/1919, e morto em 13/9/1967, em Recife (PE).
11. Sebastião Gomes dos Santos, Lavrador, filiado à COLINA, nascido no Rio Grande do Norte e morto em 30/05/1969, em Cachoeiras de Macacu (RJ).
12. Virgílio Gomes da Silva, operário do setor químico, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCB) e à Ação Libertadora Nacional (ALN), nascido Sítio Novo, Santa Cruz (RN) em 15/8/1933, e desaparecido em 29/9/1969, em São Paulo (SP).
Não colocou os 122 nomes de mortos pelos terroristas comunistas da Dilma, Dirceu, Genoino e os patifes de cima que você colocou!