O Coletivo CIDA (RN), formado por artistas com e sem deficiências, foi premiado pela segunda vez em um edital da Fundação Nacional de Artes – Funarte. O CIDA, foi contemplado ano passado com o espetáculo Maré, no Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020, além disso, os integrantes do Coletivo René Loui e Rozeane Oliveira tiveram trabalhos solos contemplados no Prêmio Funarte RespirArte. Agora, o CIDA foi selecionado nos editais: Dança Acessível – Prêmio Festival Funarte Acessibilidança 2021 e Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste, ambos com o novo trabalho da companhia intitulado Corpos Turvos.
O edital Dança Acessível premiou em âmbito nacional, 25 companhias de dança que trabalham como concepção cênica Dança, Acessibilidade & Inclusão. Já o edital de Circulação das Artes, selecionou 15 iniciativas voltadas a executar apresentações de Artes Cênicas em espaços urbanos das capitais da região Centro-Oeste (Brasília-DF, Goiânia-GO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS), neste edital, apenas três espetáculos de dança foram selecionados no Brasil todo. Os contemplados devem executar os trabalhos em 2022.
“Ter sido contemplados pela segunda vez no Dança Acessível – Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual, por exemplo, para nós é sinônimo de reconhecimento, de trabalho bem feito. Estamos mais uma vez, em meio a grandes artistas pensadores da dança que relacionam as diferenças em seu modo de fazer, profissionais que sem dúvida foram em algum momento referências para nossos percursos para com a dança e a acessibilidade. E não para por aí! Tivemos outra grande premiação, o Edital Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste! Sinto que nossa dança alça novos e mais desafiadores voos. Nosso percurso enquanto coletivo tem se ampliado a cada nova realização”, comenta René Loui, um dos integrantes do Coletivo CIDA e coreógrafo de Corpos Turvos.
“Cada nova conquista significa que muitos obstáculos foram quebrados e muitas rotas foram desviadas. Cada um desses prêmios carrega uma grande significância para nós, além de refletir o crescimento e amadurecimento de nosso trabalho, tanto ao que se refere a nossa dança propriamente dita, quanto ao nosso modo de autoprodução e autogestão”, comenta René.
CORPOS TURVOS
Corpos Turvos teve pesquisa iniciada no ano de 2019, a partir da residência artística na Odisha Biennale, na Índia. A obra foi inicialmente pensada como um espetáculo solo para os formatos presenciais. A partir de outra residência artística virtual entre René Loui e Jussara Belchior (SC), dois pesquisadores das diferenças na dança, o trabalho se concretiza como obra audiovisual de dança desenvolvida colaborativamente entre o Coletivo CIDA, a Ilha Deserta Filmes e a Astromar Filmes.
Corpos Turvos foi pensado coreograficamente de modo a não excluir a pessoa com deficiência, contrariamente, se constrói a partir das possibilidades de cada corpo que dança. A obra problematiza pela linguagem da dança os padrões de invisibilização de corpos pretos, pobres, periféricos, soropositivos, corpos pertencentes da ampla comunidade LGBTQIAP+ e ainda corpos com alguma deficiência, é também uma urgência da sobrevivência, é um pedido por empatia, é um grito de socorro para que esses corpos deixem de ser números.
“Durante a realização da circulação no Centro-Oeste, apresentaremos uma nova versão de CORPOS TURVOS, uma versão híbrida, que vai friccionar tudo o que vivemos até o momento, com relação às tecnologias, os distanciamentos, os protocolos pandêmicos e a acessibilidade comunicacional. Até pouco tempo atrás estávamos sem quaisquer perspectivas para o novo ano, agora porém, temos o nosso retorno para os palcos presenciais marcado e só tenho a agradecer a todos profissionais que estão conosco nessa empreitada”, finaliza René.
Para comemorar a aprovação nos editais da Funarte, o Coletivo apresenta novamente Corpos Turvos no próximo domingo (12) às 20h através do canal do CIDA no Youtube.
Sobre o Coletivo CIDA:
Fundado por Arthur Moura, René Loui e Rozeane Oliveira o Coletivo CIDA é um núcleo artístico de dança contemporânea e performance, fundado no ano de 2016 por jovens artistas emergentes das mais diversas regiões do Brasil e radicados na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, com objetivo da profissionalização e subsistência através da dança.
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Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.