Após meses de residência e construção do novo espetáculo, a Companhia Giradança estreia “Feche os olhos” com temporada de 10 a 12 de outubro, na Casa da Ribeira, sempre às 20h. O espetáculo conta com intérprete de libras e audiodescrição em todas as sessões e os ingressos são gratuitos, com distribuição via Sympla e na bilheteria do teatro.
Feche os olhos, que referencia o livro do coreano Byung Chul Han, é um convite para adentrar num outro tempo, e abrir o campo sensível e poético partilhado entre todas as pessoas.
De acordo com Álvaro Dantas, diretor artístico da Companhia potiguar ao lado de Ana Vieira, “Feche os olhos” é um convite para estar presente de uma maneira mais sutil e profunda, permitindo que as percepções se ampliem à medida que a atenção se recicla.
“Nosso objetivo é criar um espaço onde cada espectador possa se conectar consigo e com o que está à sua volta, com uma sensibilidade nova. Esse é o presente que entregamos ao público: a oportunidade de experimentar outras formas de estar no mundo”, explica.
A montagem da obra foi conduzida pelo coreógrafo e dançarino paulista Eduardo Fukushima que incorporou ao espetáculo elementos da filosofia e práticas corporais chinesas e japonesas, entrelaçadas com a dança.
Fukushima afirma que é a primeira vez que trabalha com bailarinos de diversas especificidades corporais, do não bipedismo até a não visão, o que, segundo ele, tem sido de grande aprendizado. “Estamos construindo uma peça onde os dançarinos se comunicam além da visão, através da respiração, de contaminação de gestos, formando paisagens entre os corpos, referenciando a natureza”.
A coreógrafa e dançarina Bia Sano também divide a direção, concepção e coreografia do espetáculo “Feche os olhos” com Eduardo Fukushima. Bia afirma que os coreógrafos estudam práticas orientais há mais de 10 anos e que as peças criadas por eles recebem esta influência. “São exercícios que alargam a qualidade de presença, o fluxo das repetições e a quietude do corpo”, afirma.
Para Bia Sano, fechar os olhos estaria diretamente ligado à relação com o tempo. “Ao fechar os olhos, o ouvir já não é mais a mesma coisa, o tocar tem outras qualidades, respirar produz outro ritmo e faz da imaginação lugar e condição de estar presente”, pontua.
Feche os Olhos foi fomentado pelo Programa Funarte de Ações Continuadas e contemplado pelo Edital de Seleção de Projetos Multiculturais da Lei Paulo Gustavo Rio Grande do Norte, com apoio da Fundação José Augusto, Secretaria Extraordinária de Cultura Governo do Estado do Rio Grande do Norte e o patrocínio do Ministério da Cultura e Governo Federal.
Companhia Giradança
A Companhia Giradança foi criada na cidade de Natal/RN, em 2005, e se estabelece, já em seus primeiros trabalhos, como uma zona capaz de gerar tecnologias inacabadas (coreografias) operadoras de corpos discursivos com o enfoque nas relações tensionais entre corpos com e sem deficiência. Ao longo de quase duas décadas de trabalho, a companhia tem se apresentado em todo o Brasil, desafiando preconceitos e ultrapassando limites estabelecidos na dança contemporânea, conquistando vários prêmios com mais de 14 espetáculos no repertório, com apresentações em 15 estados brasileiros e 5 países.
Eduardo Fukushima
Coreógrafo, dançarino e professor. Também se debruça nos estudos de filosofia e práticas corporais chinesas e japonesas com o Qi Gong, Taoísmo, Seitai-ho, Zen Budismo e Butoh, se entrelaçando com a dança. Desde 2012 faz parte da comunidade internacional de artistas da Rolex, e desde 2020 é artista orientador do Programa Qualificação das Artes do Estado de São Paulo. Vem trabalhando a dança em diálogo com o vídeo, fotografia, performance, teatro e artes visuais. Com seus trabalhos já circulou e ministrou workshops pelo Brasil, Alemanha, França, Grécia, Espanha, País Basco, Itália, Argentina, Japão, Bolívia, Chile, Peru, Portugal, Canadá, República Dominicana, Bélgica, Chipre e Taiwan. Colaborou com os artistas Beatriz Sano, Júlia Rocha, Isabel R. Monteiro, Yudai Kamisato, Pedro Nishi, Giuliana Nishiyama, Hideki Matsuka, Célia Gouvea, Key Sawao, Ricardo Iazzetta, Elisa Ohtake, Nuno Ramos, Michal Bourzuch, Mateo Lopez entre outros.
Beatriz Sano
Coreógrafa, dançarina e professora. Graduou-se em Bacharelado e Licenciatura em Dança pela Unicamp. Desde 2009 faz parte da Key Zetta e Cia, que tem como diretores Key Sawao e Ricardo Iazzetta, participando da maioria dos projetos do grupo. Desde 2011 estabelece parcerias com Eduardo Fukushima, Júlia Rocha e Isabel R. Monteiro. Em 2016 foi ao Japão durante 3 meses estudar o seitai- ho e teatro nô que pratica no Brasil desde 2011 com Toshi Tanaka e Ciça Ohno.
Em 2015 ganhou o prêmio Denilton Gomes de bailarina revelação pela peça SIM da Key Zetta e Cia. Em 2013 foi contemplada pela bolsa Rumos Itaú Cultural na carteira de residência artística. Também, vem desenvolvendo seus próprios trabalhos: Solo (2014), Estudo de Ficção e Tudo de novo (2022). Atualmente, cursa o mestrado em Artes da Cena na Unicamp com a orientação de Cassiano Quilici, participa do projeto Tomie Dançante à convite de Eduardo Fukushima pelo Instituto Tomie Ohtake, faz parte da peça Histórias de Fantasmas Imigrantes do diretor japonês Yudai Kamisato, e é professora da Escola Livre de Dança de Santo André.
FICHA TÉCNICA – Feche os olhos
Direção, concepção e coreografia: Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
Criação e Dança: Ana Vieira, Álvaro Dantas, Angélica Oliveira, Jô Soar, Jania Santos, Marconi Araújo, Thaíse Galvão e Wilson Macário
Composição Musical: Chico Leibholz e Eduardo Fukushima
Pesquisa de figurino: Ana Vieira, Alvaro Dantas, Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
Direção geral e produção: Celso Filio
Ensaiadora: Thaise Galvão
Design operação de luz: Vinicius Fortunato
Operacáo de som: Anderson Galdino (Nando)
Foto: André Rosa e Brunno Martins
Video: André Rosa
Designer gráfico: Yan Soa
Direção – Espaço Giradança: Roberto Morais
Direção financeira: Cecilia Amara
Produção geral: Listo! Produções Artística
Produção: corpo rastreado
Realização: giradança
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Jornalista formada pela UFRN, atua como Comunicadora Criativa e Produtora Cultural comunicando projetos artísticos na cidade do Natal há mais de dez anos. É uma das administradoras do blog cultural potiguar Apartamento 702, é ativista gorda, rainha da brilhosidade, dona e proprietária em Comunica Ceci, praticante de yoga. cinéfila e aprendiz de Lu Roller.