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Mãe, obrigada por ter sido dura comigo (e ter me criado para ser mundo)

Hoje não é dia das mães, e muito menos o seu aniversário. Hoje é apenas mais um dia de um mês qualquer em que eu agradeço por ter sido criada por você. Apenas mais um dia de uma semana cansativa, como tantas outras, em que reconheço a importância da sua existência na minha formação.

Acredito que somos a soma das nossas vivências e das pessoas que conseguiram nos atravessar nesta trajetória chamada vida. Você não apenas atravessou, como foi mar, terra e ar, e disse ‘não’ em todos os momentos que queria ouvir qualquer coisa positiva. Me disse que o mundo era incerto quando eu queria apenas ouvir certezas ilusórias. Me disse que o mundo é complexo, bizarro, assustador, e que não ia ser simples ou diferente por causa meus lindos olhos castanhos. Me disse que ia doer, e ia doer ainda mais em mim que sentia tudo tão intensamente e pensava demais sobre tudo.

Lembro que um dia, quando era criança, eu esperneie, chorei, e gritei o quanto não conseguia me adaptar e nunca mais iria para escola. Você se desesperou por dentro que eu sei, você quis enfrentar minhas dores, você quis que eu não caísse, mas obrigada por não ter feito isso. Obrigada por ter apenas me dito “Enxugue seus olhos, você não é os outros, e você irá sobreviver a isso e à coisas piores, as quais você nem imagina”.

Obrigada principalmente por não ter me criado dentro de uma redoma (ou como sempre digo, no fantástico mundo de Bob). Obrigada por ter me obrigado a tomar remédio em comprimido mesmo eu dizendo que simplesmente não conseguia. Obrigada por ter me levado para o oculista porque sempre fui completamente cega. Obrigada por ter me comprado livros. Obrigada por sempre ter valorizado a inteligência como a maior qualidade que alguém pode ter.

Daliana, se sempre te chamei assim não foi por te considerar menos mãe, foi por você ter me ensinado o pensamento lógico e em algum lugar da minha mente de criança conclui que se eu chamasse simplesmente de “mãe” todas as outras figuras maternas do local poderiam responder o meu chamado. Afinal, se existe alguém “mãe”, no sentindo real da palavra, esse alguém é  você.

Lembra quando eu disse que ia para Noruega, para Bolívia, para Argentina, para Bélgica? Eu também senti medo, mãe. Mas não paralisei, fui com medo mesmo, enfrentei, e sabe por que? Porque eu tiro a força de você, porque você me ensinou a ser mundo e ser do mundo.

Mãe, por último, obrigada por ser minha pessoa favorita do universo, das galáxias.

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